Mesa de Vivências encerra projeto ‘12 Meses de Consciência Negra’

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Celebrando o Dia Municipal de Mobilização pelos Direitos Humanos, instituído pela Lei Municipal nº 8.883/2017, de autoria da vereadora Thainara Faria (PT), o Plenarinho da Câmara de Araraquara recebeu na noite da segunda-feira (10) uma Mesa de Vivências, encerrando o projeto “12 Meses de Consciência Negra”.

Realizado em parceria com a Escola do Legislativo da Casa de Leis, o evento contou com a participação de pessoas que trouxeram diversos relatos sobre suas experiências de vida, envolvendo, principalmente, preconceito e discriminação. A conversa foi iniciada pela assessora de Políticas Públicas para a Pessoa com Deficiência, Elisa Santos, que destacou: “Ser mulher negra e deficiente é um grande desafio. Tive dificuldades no ingresso à escola e chegaram a me mandar para a Apae. Perdi um ano com isso. Mas depois fui bem recebida pelos professores e alunos. No ensino médio, mais uma barreira: escola com dois lances de escada. Foram três anos contando com a ajuda de colegas. Fui conseguir meu primeiro emprego com 33 anos, onde fiquei por seis anos, e nesse período que consegui fazer uma faculdade. Já fui proibida de entrar em uma loja por causa da cadeira de rodas. Não podemos desistir nunca. É um desafio grande no dia a dia, mas que vale a pena”. “Apesar de tudo, ou a gente se fortalece ou desiste. E desistir nunca é a solução. Muitas vezes, o que nos falta é a oportunidade”, completou a artista Natália Munroe, que foi cantora da banda Kali, considerada revelação do Araraquara Rock 2015. O empresário e apoiador da luta da comunidade negra na cidade Cláudio Claudino lembrou uma frase de sua mãe, que dizia: “Meu filho, Arapuã é uma loja tão chique. Você é preto, não vai conseguir entrar”. Essa fala, segundo ele, o fez tomar consciência e iniciar sua participação no movimento negro. “Todo mundo é bom em alguma coisa”, disse, contando que, tempos depois, chegou a trabalhar na referida loja que, entre os cerca de 400 funcionários, apenas três eram negros. “Você tem sempre que provar quem é. Montei minhas empresas e consegui abrir bastante espaço para os negros da cidade. Hoje, 50% dos meus funcionários são negros e 40%, mulheres.”

Claudino ainda abordou o empreendedorismo e suas práticas no dia a dia, e falou sobre o cursinho pré-vestibular para negros, a Ong Fonte. “A educação é a arma mais poderosa para mudar o mundo.” Representando a juventude, a bacharel em Direito Jéssica Carolina dos Santos disse que foi tomar mais consciência do preconceito na adolescência. “Decidi fazer direito com oito anos de idade e sempre fui alvo de chacotas por isso. Mas tudo isso fez com que eu me tornasse a pessoa que sou hoje. Vou à luta do que quero fazer, sei o que posso fazer e não deixo ninguém me diminuir. Se estamos aqui agora é graças a diversas pessoas que lutaram para isso.” Aluno do 7º ano, Edmilson, 12 anos, se emocionou ao relatar situações pelas quais já passou e as atitudes que já tomou para mudar a realidade. “Vi um colega sendo ofendido e o defendi. Um tempo depois, a pessoa que tinha feito aquilo com ele caiu na minha sala, lembrou de mim, e pediu desculpas pelo que tinha feito. Hoje nos tornamos amigos”, finalizou.

Para Thainara, o objetivo do encontro foi atingido. “Feliz por essa diversidade que vimos nessa Mesa. Temos que ocupar os espaços públicos para esse tipo de discussão. Nosso mandato sempre busca dar voz a todos e esse evento faz parte da nossa missão dos ‘12 Meses de Consciência Negra’, que se trata de um trabalho contínuo de discussão e elaboração de políticas públicas visando à diminuição de desigualdades.”]Também estiveram presentes a assessora municipal de Políticas Públicas LGBT, Filipe Brunelli, e o coordenador de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e do Centro de Referência Afro “Mestre Jorge”, Luiz Fernando Costa de Andrade.




Publicado em: 13/12/2018 10:25:56