Processo histórico da morte dos Brito

A história através dos autos do processo
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O Memorial da Câmara Municipal de Araraquara disponibiliza para consulta em formato digital o "Processo crime dos Brito".

Nesse processo, que conta com mais de 600 páginas, há documentos de extrema importância para a história de Araraquara, sendo que o processo original está sob guarda e conservação do Acervo e Patrimônio Histórico da Prefeitura de Araraquara.

 

Acesse o processo na íntegra através do link: PROCESSO CRIME DOS BRITO

 

Um pouco do contexto histórico

Fins do século XIX, a cidade de Araraquara vivia no ambiente político e social conhecido como coronelismo, segmentada em dois grupos: um republicano e outro monarquista, cada qual chefiado pelos coronéis Antonio Joaquim de Carvalho e Joaquim Duarte Pinto Ferraz.

   

O jovem sergipano jornalista Rozendo de Souza Brito, residente em Araraquara e militante da monarquia, escrevia notas no jornal local as quais eram consideradas ofensivas pelo coronel Antonio Joaquim de Carvalho, que era republicano.

No dia 30 de janeiro de 1897, conta que por volta das 17 horas, o coronel Antonio avista de sua casa o jornalista Rozendo entrando na farmácia onde trabalhava seu tio Manoel de Souza Brito. Irritado, resolve tirar satisfações com o rapaz e depois de alguns desaforos, o coronel agride o jovem a bengaladas. O tio de Rozendo tenta apaziguar, mas o rapaz caído por baixo acerta mortalmente o coronel com disparo de garrucha. O jovem jornalista Rozendo e seu tio Manoel são presos imediatamente e encaminhados a cadeia pública local.

No início da primeira hora do dia 07 de fevereiro de 1897, os prisioneiros foram arrastados para fora da cadeia por indivíduos e linchados. Foram sepultados à 4 quilômetros do centro da cidade pelos capangas dos Carvalho.

Prédio da cadeia pública de Araraquara, local onde os Brito ficaram presos.

(Obs.: A legenda original da foto, retirada do CD-ROM “100 anos de fotografia: Memória fotográfica de Araraquara”, de Eduardo Luiz Veiga Lopes, traz a data da Inauguração do Restaurante Gimba em 1971. Porém, constam dos registros oficiais da Junta Comercial do Estado de São Paulo que o Gimba entrou em atividade em 06/10/1966).

 

O triste episódio marca a cidade de Araraquara, tendo que suportar por vários anos a expressão de "Linchaquara".  

BIOGRAFIAS

Coronel Antonio Joaquim de Carvalho nasceu em Porto Feliz em 7 de julho de 1838, filho do Alferes Joaquim Gabriel de Carvalho e D. Maria Illustrina Martins Bonilha. Formou-se em Direito pela Faculdade de São Paulo, porém nunca advogou. Dedicava-se à lavoura em Capivari. Em 1875, mudou-se para Araraquara e era proprietário das fazendas Simão e BeIla Vista. Casado em primeira núpcias com a senhora Zulmira Alves e em segunda núpcias com a senhora Anna Francisca Pinto Ferraz. Proclamada a Republica foi chefe político local durante muitos anos. Faleceu, nesta cidade, em 30 de janeiro de 1897, aos 59 anos de idade.

Manoel Joaquim de Souza Brito, sergipano de Rosário do Catete, casado com Benvinda de Souza Brito, pai de 8 filhos, era farmacêutico formado e trabalhava como Gerente na Farmácia do Largo da Matriz, de Francisco do Amaral Barros, em Araraquara. Faleceu nesta cidade, em 07 de fevereiro de 1897, aos 49 anos de idade.

Rozendo de Souza Brito, sergipano de Rosário do Catete, filho do professor aposentado Tranquilino de Souza Brito e da professora, também jubilada, Rosa Ana de Penna Ribeiro, sobrinho de Manoel Joaquim de Souza Brito, trabalhava como Guarda Livros de Abritta & Irmão e como Distribuidor e Partidor da Comarca de Araraquara. Faleceu nesta cidade, em 07 de fevereiro de 1897, aos 24 anos de idade.

 

Texto/matéria: Silvia Gustavo

FONTES:




Publicado em: 01/02/2018 11:05:55

Publicado por: Memorial da Câmara