A Mesa “Meio ambiente: soluções sustentáveis para as cidades” fechou uma semana de intensos debates sobre a atualidade e as perspectivas araraquarenses no Plenário da Câmara Municipal. Mediada pelo presidente da Câmara Municipal, Jéferson Yashuda Farmacêutico (PSDB), a Mesa contou com representantes do Departamento Autônomo de Água e Esgotos (Daae). “Soluções imediatistas não se revelam boas no longo prazo”, disse Yashuda. “É importante persistir neste caminho em direção a uma cidade sustentável.”
A palestra do diretor de Gestão Ambiental do Daae, Helton Alves de Galvão, foi “IPTU Verde: Histórico e Avanços”. Ele explicou a importância do incentivo para que as pessoas mantenham vegetação em seus terrenos, uma vez que “Araraquara tem perdido uma grande cobertura vegetal ultimamente”. Outro tema tratado por Galvão foi o conceito de cidade sustentável. “O desenvolvimento deve ocorrer, mas equilibrando aspectos econômicos, sociais e ambientais”, apontou.
Já o coordenador de Educação Ambiental, Valter Iost, falou sobre “Combate à poluição plástica”. Ele observou que atitudes corriqueiras, como usar talheres, copos e canudos descartáveis, acabam resultando em danos incalculáveis para o ambiente. “Não nos damos conta disso, mas um copinho jogado fora do lixo vai parar nos nossos córregos, rios e, por fim, no oceano. Se fizermos a nossa parte aqui, localmente, já estaremos agindo globalmente. Não adianta lutar pela Amazônia e jogar lixo no córrego Marivan, ao lado de casa. As duas lutas são igualmente importantes”, destacou. O vereador Elias Chediek (MDB) participou da tarde de debates.
Violência contra a mulher
A Mesa do dia anterior denominou-se “As frentes de acolhimento à mulher vítima de violência em Araraquara” e foi mediada pela vereadora Thainara Faria (PT), que observou “o quanto é importante trazer para dentro do Legislativo a luta em defesa dos direitos da mulher, uma vez que temos condições de propor leis que garantam esses direitos”.
A coordenadora de Políticas Públicas para Mulheres, Amanda Vizoná, palestrou sobre “A atuação do Centro de Referência da Mulher em Araraquara”. Ela apresentou os números da violência em Araraquara: mais de 200 boletins de ocorrência em 2016, mais de 900 até julho de 2017, 17 estupros de mulheres e 44 de vulneráveis em 2016, e 26 e 13, respectivamente, em 2017. A violência segue o padrão do Brasil – o 5º país em que as mulheres mais sofrem violência no mundo, com 527 mil casos por ano, sendo que mais da metade das vítimas tem menos de 13 anos. Como no restante do país, Araraquara apresenta uma subnotificação média de 50%, ou seja, esses números são provavelmente muito mais altos. “A cultura do machismo mascara a violência. Por isso, é impossível falar sobre violência sem falar sobre desigualdade de gênero, ou seja, sobre as diferenças na criação e no tratamento entre homens e mulheres. O machismo e a violência doméstica não são problemas privados. São problemas de toda a sociedade”, pontuou.
A enfermeira Marisa Marques Monteiro, do programa IST/Aids do Serviço Especial de Saúde de Araraquara (Sesa), falou sobre “Protocolo de Atendimento à mulher vítima de violência quando esta chega primeiro a alguma unidade de saúde”. Ela explicou que existem atendimentos específicos para crianças, adolescentes, idosos e população LGBT. “Infelizmente, as vítimas precisam passar por vários locais, onde devem se expor e rever os detalhes da sua agressão. O protocolo é de 2011, está necessitando de uma rediscussão, porém é positivo o fato de contarmos com uma rede de acolhimento na cidade”, declarou. Marisa explicou, ainda, que cada tipo de violência – física, patrimonial, moral, psicológica, sexual – tem um fluxo próprio de atendimento.
Quem encerrou a tarde foi a diretora da Fungota, Lucia Regina Ortiz Lima. A maternidade é o local de primeiro atendimento para vítimas de estupro quando estas são mulheres e crianças (homens são encaminhados à Santa Casa). Nesses casos, exames ginecológicos, profilaxia de DST/Aids e métodos de contracepção são realizados no local. Outro ponto abordado por Lucia foi a violência obstétrica. “Estamos realizando um forte trabalho de nos olhar como instituição e enfrentar o desafio de garantir uma assistência humanizada em todos os casos, mesmo quando o desfecho não é o esperado, como em casos de óbito. Lidamos com muitos casos de alto risco e nós, profissionais de saúde, que nos preparamos tanto para ajudar, acabamos causando grandes sequelas nas vidas das pessoas em momentos como esses. Trouxemos para dentro da nossa estrutura o movimento de humanização do parto e a sociedade civil, e este momento de revisão institucional está sendo muito positivo para a maternidade”, concluiu.
O presidente Jéferson Yashuda Farmacêutico (PSDB) e o vereador Cabo Magal Verri (MDB) participaram das discussões. A VI Semana Rodolpho Telarolli foi realizada pela Escola do Legislativo, em parceria com a Prefeitura Municipal e o Daae. Todas as palestras estão disponíveis no canal da TV Câmara no YouTube, acessível pelo site da Câmara Municipal (www.cmararaquara.sp.gov.br).
Publicado em: 04/09/2018 15:17:00