Comissão aponta para necessidade de criação de escola bilíngue em Libras na rede pública de ensino

Vereadora Thainara Faria (PT) foi uma das idealizadoras do grupo, que se reuniu pela primeira vez no último dia 09
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A dificuldade em compreender seu filho – surdo desde o nascimento – levou, muitas vezes, Josélia de Andrade Araújo ao desespero. Hoje, ela e mais duas mães compõem a Comissão de Estudos para Pessoas com Deficiência Auditiva, criada pela Prefeitura Municipal com o apoio da vereadora Thainara Faria (PT), a fim de traçar políticas públicas para a área. A primeira reunião do grupo, realizada na tarde da terça-feira (9), teve como principal encaminhamento a criação de salas bilíngues que atendam tanto os alunos da rede municipal de ensino quanto os da rede estadual.

No entanto, tal conquista esbarra nos limites das competências dos entes federativos. Como a responsabilidade pela educação brasileira é compartilhada pelos três níveis de governo, cabe aos municípios proporcionar creches, pré-escolas e ensino fundamental; e ao Estado, a prestação do ensino médio. Sendo assim, o município não poderia assegurar o serviço de educação bilíngue nas escolas estaduais. “Mas isso pode ser contornado estabelecendo um diálogo com o governo estadual, ou pensando em atividades de contraturno para atender todas as crianças e os adolescentes da rede pública”, pontuou Thainara. Se concretizada, essa seria uma grande conquista para a comunidade surda. “Estamos muito cansadas! Minha filha me pede todos os dias para trabalhar, mas como vão contratá-la se ela não é alfabetizada?”, questiona Silmara Aparecida Henrique, também membra da comissão. A coordenadora executiva de Direitos Humanos da Prefeitura, Maria Fernanda Luiz, lembra que a elaboração de políticas públicas requer tempo e persistência. “Talvez essas mães não consigam tudo que almejam para seus filhos, mas, com certeza, a luta delas trará benefícios, em médio e longo prazo, para a construção de uma cidade, de fato, inclusiva”, enfatizou. Fora a questão das salas bilíngues, o grupo se propôs a estudar meios de agilizar a triagem e o acompanhamento médico de crianças com surdez profunda, para não comprometer o processo de alfabetização. Depois de concluídos, os planos de ação serão apresentados ao prefeito Edinho Silva (PT) para que sejam transformados em projetos de lei.

Também participaram da reunião os demais integrantes da comissão: Dulce Helena Pregnolato e Joyce Cristina Souza Almeida (representando a sociedade civil); a assessora especial de Políticas para Pessoas com Deficiência, Elisa dos Santos Rodrigues; a supervisora de ensino Cássia Maria Canato, representando a Secretaria de Educação; o gerente do Centro Especializado em Reabilitação (CER) da Secretaria de Saúde, Luiz Armando Garlippe; Maria Cecília Sambrano Vieira, representando a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social, e Edmilson Bueno, representando o coordenador de Trabalho e Economia Criativa e Solidária da Secretaria do Trabalho e do Desenvolvimento Econômico, Reynaldo Sorbille.




Publicado em: 12/01/2018 14:21:16