O vereador Edio Lopes (PT) utilizou a tribuna da Câmara Municipal para fazer um verdadeiro apelo à Prefeitura de Araraquara: “Gostaria de usar este espaço, durante a última Sessão do ano, simplesmente para fazer votos de Feliz Natal e próspero ano novo aos cidadãos araraquarenses, mas, infelizmente, devo levantar um tema triste e urgente: a saúde no nosso município está em uma situação catastrófica”, denunciou o parlamentar.
Cotidianamente o vereador vem recebendo em seu gabinete reclamações e pedidos de ajuda de cidadãos que enfrentam os mais variados problemas com a saúde pública em Araraquara. Eles abrangem todos os setores. “Vejamos as cirurgias de urgência, por exemplo. Recebemos um pedido de ajuda de um homem que tem vários tumores na coluna vertebral. Já perdeu o movimento de uma das pernas, agora sente a outra formigando, mas não consegue marcar a cirurgia. Ele vai todos os dias à UPA para tomar morfina, numa tentativa de aliviar a dor. Um absurdo”, contou.
“Infelizmente, os problemas não param por aí. Com a demora em marcar as cirurgias eletivas, casos moderados evoluem para graves. Temos o relato de uma cozinheira de 57 anos que tem um tendão rompido no ombro, há meses afastada pelo INSS, e sem uma solução em vista. Uma outra senhora, com 51 anos de idade, que fraturou a bacia há quase quatro meses chora todos os dias de dor e praticamente se arrasta para conseguir se locomover.”
Os medicamentos são outro ponto sensível. Em julho, Edio Lopes fez uma representação junto ao Ministério Público da Saúde, citando 93 itens que faltavam nas unidades públicas de saúde da cidade. Agora, a julgar pelos levantamentos feitos pelo vereador, ele calcula que esse número triplicou. “Falta de tudo. Alguns diretores clínicos nos contaram que, por falta de medicamentos contra diabetes, houve um aumento drástico do número de amputações de membros inferiores; por falta de medicamentos de controle de pressão, aumentaram os pacientes infartados; por falta de anticonvulsivos, aumentaram as crianças com sequelas. E o problema não se limita a remédios. Também faltam itens básicos, como luvas, ataduras e agulhas”, apontou. Questionado a respeito da representação, o vereador relata que até o momento o promotor da saúde não se pronunciou a respeito.
Também chegaram ao gabinete problemas envolvendo internações e procedimentos, como a retirada de um cateter urinário de um homem. “Ele poderia permanecer no canal da uretra por, no máximo, quatro meses. Porém, após seis meses, o paciente continua esperando uma vaga para realizar o procedimento no hospital, correndo risco de contrair infecções graves. “Vamos falar de internações? Somente hoje (6), havia sete pessoas na UPA com autorização para internação, mas não há vagas”, denunciou.
Outro caso ilustrativo refere-se à realização de exames. “Há filas de espera para todos os tipos de exames, inclusive pré-operatórios e para detecção de possíveis doenças graves. Hoje mesmo conversamos com um homem de 55 anos cujo exame de sangue apresentou alterações que indicam tumor na próstata, mas não consegue fazer a biópsia para confirmar a existência da enfermidade e iniciar tratamento. O mais irônico é que a orientação que foi passada a ele na secretaria de saúde foi para rezar... Falamos tanto de prevenção no Novembro Azul, mas onde está a ação?”, questionou, concluindo: “Tudo pode esperar, menos a saúde. Há pessoas correndo riscos de morte e de sequelas irreversíveis. Essa situação não pode continuar.”
Publicado em: 07/12/2016 01:14:35