Não são apenas fotos. É a história do esporte profissional e amador de Araraquara registrada em imagens captadas não apenas com um clique, mas, sim, com o coração. Todo esse acervo colhido ao longo de quatro décadas merecia um espaço adequado. E ele veio com a inauguração na terça-feira (25) do Museu de Reminiscências Paschoal da Rocha, no Complexo da Arena da Fonte. Com exposição rotativa para mostrar as inúmeras imagens, o sonho, que era somente de um homem, agora integra o arquivo histórico do município.
Seu Paschoal faleceu no ano passado. Sem ele, as fotos ficaram amontoadas na sala de casa e a criação do Museu em sua homenagem é um ato de respeito a sua memória, segundo o filho, Artur Ortega Gonçalves da Rocha. Coube aos vereadores Elias Chediek (PMDB) e Jair Martineli viabilizarem o sonho das reminiscências. “Ele não queria perder esse trabalho. Por isso, eu fui com o Paschoal atrás de lugares, mas ele queria um em especial. Infelizmente, depois da sua morte, descobrimos esse local no complexo da Arena que honra a sua memória”, diz Chediek.
Jair Martineli lembra que Araraquara e o esporte ganham com o Museu. “Podia ser um jogo de botão que ele estava lá, tirando uma foto. Agora, temos um espaço ideal para guardar um trabalho desenvolvido ao longo dos anos.” O Museu será interativo com fotos temáticas e trocadas periodicamente, segundo o guia Roberto Reis Rodrigues. “Tem muito material dos clubes da cidade e ele será separado aos poucos”, garante o amigo e fotógrafo, Tetê Viviani. Por enquanto há imagens de jornalistas, do futebol amador da década de 30 a 70, de árbitros, além do futsal, bocha e basquete da era do ex-treinador Tom Zé. Fotos históricas não faltam como uma de Dorival Falconi entrevistando o goleiro bicampeão mundial, Gilmar dos Santos Neves. Ao longo dos anos, Paschoal dedicou a vida para homenagear esportistas. Alguns desconhecidos; outros famosos na sua geração, como o ex-meia da ferroviária Douglas Onça. “Acabamos ficando bem próximos. Hoje, o trabalho dele está aqui e esse era o seu sonho.”
Quem conheceu o Paschoal certamente o viu com uma câmera fotográfica. Ela estava sempre no bolso da camisa e colada no escudo da Ferroviária. Duas paixões no lado esquerdo do peito e que faziam aquele coração bater mais forte. “Eu sempre disse, em vida, que o seu Paschoal era uma figura fantástica e inserida no contexto da história esportiva e de Araraquara como um todo. E ambas seriam mais pobres se ele não houvesse existido”, lembra o locutor esportivo, José Roberto Fernandes, que também está no acervo com uma foto de 1975. Quem disputou algum esporte possivelmente foi fotografado por Paschoal. O prefeito Marcelo Barbieri (PMDB) está nesta lista. “Tem foto minha como goleiro e de cabeça raspada pouco depois da entrar na faculdade. É bom rever isso.” O mesmo sentimento teve o deputado estadual, Roberto Massafera (PSDB), que encontrou uma foto dos tempos de jogador amador de basquete e atleta de futebol aos finais de semana. “Ele sempre estava presente nos eventos da Nipo e também no jogo dos Margaridas, no Santana”, frisa o vereador farmacêutico Jeferson Yashuda (PSDB), ao lado do colega Adilson Vital (PV).
Além da câmera fotográfica, as medalhas eram outra marca do Paschoal. No final da partida ele sempre escolhia o melhor para uma homenagem simbólica. Aluisio Braz, o Boi, que é vereador licenciado e secretário de Governo e Esportes, jogou campeonatos amadores e ganhou algumas honrarias, ora por mérito, ora por amizade. “Ele era um batalhador do esporte.” Seu Paschoal não teve tempo de ver o Museu de Reminiscência, mas sua memória está conservada e protegida do sol e da chuva. Chuva esta que abençoou o espaço como se fosse lágrimas de um morador pra lá de especial.
Publicado em: 26/08/2015 16:18:37