Parlamento Jovem encerra primeira etapa nas escolas alterando clichês da política

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Com a proposta de criar uma consciência política aos futuros eleitores e mudar paradigmas e preconceitos de um senso comum enraizado por uma sociedade muitas vezes alienada, o segundo ano do Projeto Parlamento Jovem, realizado pela Escola do Legislativo da Câmara Municipal de Araraquara, encerrou na última semana de março sua primeira etapa, o Curso de Formação Política, com os estudantes do 9o ano do Ensino Fundamental. Nesse ano, o Projeto conta com a parceria de 34 escolas da rede municipal, da estadual e da particular.

A edição de 2015 tem algumas alterações: além das aulas para o Ensino Fundamental, o Parlamento Jovem avançará também para o Ensino Médio no segundo semestre. Ao longo do mês de Abril estão acontecendo as Oficinas nas escolas. Os alunos terão a oportunidade de aprender sobre o trabalho do vereador. E ter uma experiência, ainda em sala, de elaborar um projeto de lei, um requerimento ou uma indicação. A partir disso, 18 alunos selecionados terão a possibilidade de participar do Parlamento Jovem no Plenário da Câmara Municipal.

Para a estudante da Escola Estadual Bento de Abreu (EEBA), Bruna Gabriele do Nascimento, os jovens de hoje serão o futuro da política e dos eleitores, por isso é importante discernir que a cobrança vai muito além dos vereadores e do prefeito. “Temos que cobrar também das pessoas por trás deles e que desconhecemos.” Já Paola Marine acredita que o curso ensina a não julgar antes de conhecer os bastidores do processo eleitoral.

A colega Carolina Santos destaca ser comum o eleitor eleger um candidato sem conhecimento sequer das suas propostas. “Aprendemos sobre os bastidores de uma eleição e como surge a vitória. A maioria das pessoas não sabe da importância do voto porque os eleitos estão lá para ser a nossa voz”, avalia a estudante Nicole Caetano.

A diretora acadêmica da Escola do Legislativo explica que o projeto aposta na capacidade de despertar nos alunos o interesse pela política, levando a eles conhecimentos que deveriam fazer parte do repertório de todo cidadão. “Nas aulas mostramos como funciona o processo legislativo, o significado de uma democracia representativa e outras ideias semelhantes pensadas de uma forma bastante didática para serem repassadas aos estudantes.”  Já para a diretora Presidente da Escola, vereadora Edna Martins (PV), "O que queremos é expor o que significa falar em corrupção e ensinar como funciona o poder legislativo para os jovens”.

Na opinião da coordenadora pedagógica da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) "Olga Ferreira de Campos", no Jardim Universal, Rita de Cássia Ferreira, o projeto permite que os alunos entendam o funcionamento do jogo da política e levem as informações para a sua vida. “Conseguir repassar para os pais e familiares, mas principalmente eles poderão exercer a sua cidadania de uma maneira mais qualificada.”

“Eu pensava ser uma coisa, mas pelo que aprendi é bem diferente: nem todos os políticos são corruptos”, diz a estudante de 14 anos Natieli Cristina Lara Domiciano. Colega de turma, Wenes Mercês dos Santos já poderá votar nas próximas eleições e sua opinião também mudou sobre o processo eleitoral. “Cada um tem a sua parte e agora dá pra entender melhor o que passa na televisão”, destaca a jovem Tamiris Raiane da Silva. “É importante saber escolher porque alguns só querem o nosso dinheiro, enquanto outros buscam o bem da população”, frisa o estudante de 15 anos, Matheus Pereira Costa.

O docente e pesquisador do Laboratório de Política e Governo da Unesp, Bruno Souza da Silva, avalia que parte dos jovens tem muito descrédito na política devido a esse contexto político conturbado, por isso, durante as aulas, os professores do Projeto Parlamento Jovem buscam convencer os alunos de que a política é uma atividade fundamental para a vida em sociedade. “Se desprezarmos e não nos envolvermos, enfim, não reconhecermos o seu valor, corremos o risco de abrir para outros tipos de relações mais autoritárias que envolvam muito interesse pessoal e pouca capacidade de negociação.”

Professora de inglês da Escola Pueri Domus, uma das instituições particulares envolvidas com o Parlamento Jovem, Sandra Helena Perez, vê como importante a iniciativa levando aos jovens um conteúdo didático preparando-os para as eleições e a sua participação enquanto cidadão. “Os alunos vêm com essas informações, mas sem um conhecimento prévio e esse trabalho vem no sentido de dar suporte e conhecimento para configurar algo mais aprofundado”, enfatiza a Coordenadora do Ensino Fundamental 2, do Pueri, Maria Isabel da Costa Lorenzeti.

Essa, inclusive, foi a visão da estudante de 13 anos, Luiza Veronezi Poletto. Ela tinha conhecimentos básicos sobre o tema, mas descobriu que a política não se resume a Brasília. “Precisamos escolher bem porque tudo influencia nas nossas vidas.” Já o jovem Saintclair Natalini de Oliveira, se interessou pela divisão de poderes. “É interessante saber o que eles fazem para tomarmos a decisão correta quando formos escolher os representantes.”




Publicado em: 18/04/2015 12:42:17