Os vereadores Adilson Vital e Edna Martins, ambos do Partido Verde, acompanharam o escritor Fernando (Nando) Antunes Coimbra, irmão do jogador Zico, em visita ao prefeito Marcelo Barbieri, no final da tarde de quinta-feira (27). Nando Antunes veio a Araraquara para o lançamento de seu livro, Clube dos Vitalícios, realizado à noite no Arte & Bola Café. O livro reúne casos presenciados pelo autor em Quintino, bairro onde mora até hoje no Rio de Janeiro. Há uma pitada de ficção. Ilustrações e poemas também são assinados por ele. Na visita ao sexto andar da Prefeitura, estavam junto com o escritor, além dos vereadores, Fernando César Câmara, o Galo, coordenador regional do PV; Pedrinho Renzi, sociólogo e poeta araraquarense; Antonio Pedroso Jr, o Chinelão; e Antônio Lázaro Prado, coordenador do Cine Cauim, de Ribeirão Preto. Também participou do encontro o secretário municipal de Governo, Delorges Mano.
No ano passado Nando Antunes esteve em Araraquara, em evento realizado no plenário da Câmara Municipal para o lançamento de outro livro escrito por ele, Futebol e Ditadura, no qual relata as perseguições que sofreu no período do regime militar. E esse foi o principal tema da conversa durante a visita ao prefeito Marcelo Barbieri, que também sofreu perseguição e foi preso durante a ditadura militar na época em que era estudante na Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, e militante de esquerda. Nando Antunes e o prefeito Marcelo Barbieri relembraram fatos que marcaram suas vidas pela perseguição política que sofreram por integrantes do regime autoritário. Nando lembra que no início da ditadura foi extinto o Plano de Alfabetização Nacional (PNA), de Paulo Freire, do qual ele era um dos professores. Estudante da Faculdade Nacional de Filosofia, passou a ser tachado de elemento "subversivo", pecha estendida à irmã Zezé, também docente e integrante do PNA. A ditadura interferiu na sua carreira futebolística, pois as oportunidades tornavam-se escassas a cada clube que ele chegava. Integrantes do regime o difamavam junto aos dirigentes dos respectivos clubes, e as dispensas eram recorrentes. Passou pelo América, Madureira, Santos-ES, Ceará, Belenenses e Gil Vicente. Em 1968 recebeu uma proposta para atuar no futebol português. Em terras lusitanas, à época também controlada por um regime ditatorial, de Salazar, foi comunicado de mais uma dispensa pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado. Estava claro que não se tratava de um corte esportivo.
Voltou ao Brasil, onde foi preso pelo DOPS, o Departamento de Ordem e Política Social do regime militar. Voltou a Portugal, onde defendeu o Gil Vicente, mas pendurou as chuteiras em 1972, com apenas 26 anos. A aposentadoria, de acordo com o Nando, deu-se com o intuito de não prejudicar os irmãos. “Eu tinha que desistir, porque o meu pavor era prejudicar a carreira deles. Mas não adiantou, porque o Edu não foi à Copa de 70 com certeza porque eu e a Zezé éramos do PNA. E Zico também foi cortado das Olimpíadas de 72 porque eu fui preso”, conta Nando Antunes.
Publicado em: 28/11/2014 18:43:23