'É preciso rever ações de combate às drogas'

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Duzentas e vinte e quatro ocorrências ligadas ao uso ou tráfico de drogas foram registradas pelas polícias de Araraquara nos sete primeiros meses deste ano. Em todo o Estado, foram mais 7,1 mil casos, segundo estatísticas da Secretaria de Segurança Pública. E justamente por estar alastrado, segundo o vereador Elias Chediek (PMDB), é preciso rever urgentemente as ações de combate ao consumo de drogas e álcool.

O parlamentar representou a Câmara Municipal na abertura da quarta edição do curso de capacitação de agentes multiplicadores na prevenção ao uso de drogas.

“A cada ano nós estamos perdendo a luta contra as drogas e vendo crescer o número de usuários”, destaca Chediek, citando dados do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), mostrando que aumentou em 85% o número de afastamentos do trabalho de 2009 a 2013 motivados pelo consumo de drogas.

Para o vereador, esse combate passa por todos os campos, da Polícia Federal (PF) na tentativa de impedir que as drogas ultrapassem as fronteiras e até a educação para conscientizar a população.

Ana Paula Domingues Tolegado veio acompanhar o marido no curso justamente para aprender mais sobre o tema. Ela nunca tinha visto uma droga pessoalmente e se assustou com a variedade mostrada na palestra e também em uma maleta exposta ao público. “É importante essa ação porque serão essas pessoas que trabalharão com os usuários de drogas. Temos muitos casos na nossa cidade e é importante pensar de forma regional”, lembra o secretário de Assistência Social, José Carlos Porsani.

Organizado pelo Conselho Municipal de Políticas Sobre Drogas (Comad), o curso tem a parceria da Polícia Civil, por meio do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc) e Divisão de Prevenção e Educação (Dipe). “Mais que enfrentar, é primordial capacitar os profissionais para abordarem o tema de forma técnica e didática”, explica o presidente do Comad, Márcio Servino. Maria Zélia dos Santos tem 63 anos e nunca tinha visto uma droga, “Fiquei abismada com a quantidade e os efeitos devastadores que causa.”

Para o investigador Analberto Corrêa, esse trabalho preventivo percorre o Estado justamente com a proposta de tratar o tema com quem conviverá ou poderá ajudar um usuário de drogas. Durante a sua palestra, ele falou sobre os riscos das drogas durante a gestação. “As consequências são devastadoras. A droga além de não servir para nada pode ferir um ser humano sensível e que não consegue se defender dentro da barriga da mãe.”

Uma em cada 200 pessoas na faixa etária dos 15 aos 64 anos usaram drogas ilícitas em 2012, segundo o último Relatório Mundial sobre Drogas do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, divulgado este ano. São quase 243 milhões de pessoas, ou 5% da população global. E a situação em Araraquara não é diferente e nem exclui classe social. “A cidade toda sofre com o avanço das drogas ilícitas”, destaca Servino. O curso de capacitação segue até sexta-feira com temas das drogas no cotidiano, na juventude e reações no organismo.




Publicado em: 08/09/2014 16:31:48