O prédio anexo da Câmara Municipal de Araraquara, localizado na Avenida Duque de Caxias, 528, a poucos metros da sede do Legislativo araraquarense, recebeu a denominação “Vereadora Deodata do Amaral”, homenageando a vereadora que recebeu o maior número de votos na história do parlamento da morada do sol. Deodata foi eleita três vezes Vereadora, e no terceiro mandato, iniciado em 2001, recebeu 4.035 votos, número ainda não superado. “Deo”, como era tratada pelos mais próximos faleceu em 16 de novembro de 2013. Em sua fala, o presidente da Câmara, vereador João Farias, disse que o projeto da mesa diretora que preside é aproximar a população do Legislativo. “Exatamente o estilo que Deodata deu a seus mandatos”. Disse ainda que ela viveu as mesmas dificuldades que os atuais Vereadores experimentaram com o pequeno espaço do prédio da Câmara. “Contudo, depois que ocupamos este casarão com os serviços administrativos, os Vereadores e funcionários trabalham em condições infinitamente melhor. Hoje, podemos receber melhor a população; exatamente como Deodata queria”, afirmou Farias.
Bom para meu povo
Sobre a homenagem à Deodata, Farias disse que inaugurar o prédio com o nome dela ainda é pouco. “Deodata mostrou que é possível fazer da política uma ação para o bem”. Na sequência lembrou quando conheceu e passou a conversar com Deodata. Farias, como membro do Governo Municipal de então, ligou certa vez para pedir o apoio da Vereadora na votação de um projeto, que disse ele, ser importante para a cidade. Ele descreveu a resposta dela. “Seu menino. Eu não sou nem da oposição, nem da situação. Se for bom pro meu povo pode contar comigo”, demonstrando liberdade de atuação em seu mandato. O vereador Aluisio Braz, o Boi, atual presidente do PMDB, mesmo partido pelo qual Deodata exerceu sua carreira política afirmou se sentir frustrado por não ter convido com ela. Porém, disse que a história da vereadora se confunde com a história do partido e coma história dos mais necessitados. “Ela nos ensinou que onde estiver e o que estivermos fazendo, precisamos lembrar que sempre podemos nos dar um pouco mais, porque ela deu tudo de si. O que fazemos hoje na política tem que ter o exemplo de Deodata. E a melhor referência sobre sua atuação é perceber que mesmo depois de tanto tempo, a população ainda lembra-se dela”.
Deodata está em casa
A secretária municipal da Educação, Arary Ferreira, representou o prefeito Marcelo Barbieri no evento. Ela disse que Deodata fou a “mãe dos pobres”, referindo-se ao trabalho que realizava junto às pessoas carentes da cidade. “Era uma guerreira. Não tinha dia nem hora. Não foram poucos os episódios em que ela acordava o governo inteiro em plena madrugada, debaixo de chuva, para socorrer as pessoas que enfrentavam dificuldades. E na Câmara, ela fez grandes obras. Deodata está em casa”.
Quando sai do papel
O filho, Luis Augusto do Amaral, professor da Unesp e vereador na cidade de Jaboticabal, disse que sua mãe “se mesclava ao povo que atendia e ajudava”. “Deodata foi a mãe do povo, e com muita honra, nossa mãe”. Disse ainda que a homenageada apresentou poucos projetos em sua jornada na Câmara Municipal. “Ela vivia plenamente o dia a dia dos menos favorecidos. Era uma leoa na defesa de sua prole; os menos favorecidos”. Amaral lembrou a manifestação de sua mãe quando uma proposta lhe foi mostrada na Câmara. “É lindo, mas quando sai do papel. Ela focava nos problemas e buscava a solução. O nome dela hoje está gravado aqui na Câmara e nos corações das pessoas que ela ajudou”, concluiu.
Deodata
Deodata Leopoldina Toledo do Amaral foi vereadora por quatro mandatos consecutivos e Secretária da Promoção Social de Araraquara.
Nasceu na cidade de Cravinhos, no dia 6 de agosto de 1929. Mudou-se para Araraquara aos 7 anos. Foi estudante interna do Colégio Progresso, trabalhou na Companhia Estrada d Porém, foi como visitadora de Saúde Pública do Serviço Especial de Saúde (Sesa), trabalho exercido de 1954 a 1978, que Deodata conheceu todas as regiões da cidade, seus pontos mais carentes de atendimento público, orientando a população sobre os cuidados mais fundamentais com a saúde e a higiene. Por sua iniciativa, o poder público realizou mutirões para levar redes de água e esgoto aos bairros da periferia da cidade.e Ferro Araraquara.
No ano de 1983 assumiu seu primeiro mandato na Câmara Municipal de Araraquara, eleita com 1.137 votos. Em 1989 o segundo, com 3.428 votos, sendo a mais votada. No ano de 1993, o terceiro mandato, com 1.537.
Exerceu a função de Secretária da Promoção Social, no governo do prefeito Roberto Massafera. Em 21 de abril de 2002 foi condecorada com a Medalha da Inconfidência, conferida pelo então governador de Minas Gerais, Itamar Franco, pela sua atuação na área política. Deodata casou-se com Vagner Amaral, com quem teve 4 filhos: José Luiz (falecido), Luiz Augusto, Sílvia e Lúcia. Faleceu em 16 de novembro de 2013.Não concorreu a vereadora para o mandato iniciado em 1996, pois, foi candidata a vice-prefeita, na chapa de Marcelo Barbieri. Deodata retornou à Câmara no ano de 2001, quando obteve o maior número de votos para um vereador na história de Araraquara: 4.035 votos, não superado até hoje. Em 2002 recebeu 33.566 mil votos como candidata a Deputada Estadual, ficando na segunda suplência.
O anexo
No espaço que funciona como anexo da Câmara estão a Administração Geral, a Procuradoria Jurídica, o Expediente, a Tesouraria, o Setor de Empenho, o Departamento de Recursos Humanos, Compras, Licitação, Contabilidade, Patrimônio e Serviços, Comunicação e Escola do Legislativo. Há ainda uma Sala de Reuniões, já que com a ampliação do número Vereadores, o prédio da Rua São Bento ficou sem um espaço para reuniões. Em breve serão instalados os estúdios da TV Câmara, para a produção de programas que hoje são improvisados no Plenário ou em Praças Públicas. Este casarão da Avenida Duque de Caxias, nº 528, abrigou por quase quatro décadas a sede social do Clube Náutico e agora está ocupado pela Câmara Municipal.
Uma matéria da jornalista Andressa Fernandes publicada na imprensa da cidade, incluída no Arquivo Histórico da Câmara, descreve que casarão foi erguido em 1920 por Manoel Gonçalves Foz, mais conhecido por Maneco, nascido em Portugal em 1873. Seu nome aparece como primeiro presidente efetivo da Beneficência Portuguesa de Araraquara, fundada em outubro de 1914. Aparece também no ato de fundação da “Escola de Pharmácia e Odontologia de Araraquara”, em 1923 quando, junto a outras personalidades da cidade, compôs uma sociedade de pessoas dotadas de prestígio político e poder econômico que implantou esta faculdade. Na ocasião foi eleito Bento de Abreu Sampaio Vidal para presidente. A família Foz está ligada ainda à firma ‘Guilherme Lebéis e Casa Bancária Lara, Magalhães e Foz’, que captou os recursos financeiros para a fundação da Companhia Estrada de Ferro Araraquara (EFA), em 1896. Na casa há vidraças belgas nas janelas, ladrilho hidráulico e taco nos cômodos superiores. A família Amaral Gurgel foi uma das que ocuparam o espaço entre o final da década de 30 e começo de 50. Antes disso o segundo piso serviu de sede do Conservatório Dramático e Musical do maestro José Tescari. Em 1976, o prédio foi vendido para o Clube Náutico. E agora, está ocupado pela Câmara Municipal de Araraquara.
Publicado em: 14/03/2014 23:47:34