A Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Câmara Municipal de Araraquara ouviu, na quinta-feira (14), os dois primeiros empresários que receberam áreas na cidade. Instituída em 11 de setembro, a CEI apura indícios de um suposto esquema de cobranças de propina para a concessão de áreas e aprovação de projetos no período de 2003 a 2013, envolvendo o ex-vereador Ronaldo Napeloso. O nome do ex-parlamentar foi citado pelos dois depoentes que admitiram a participação dele na negociação, mas sem qualquer favorecimento.
O primeiro a depor foi o empresário Marcos Roberto Lopes, da Siatec, empresa ligada ao ramo de equipamentos de torrefação e moagem de café. Ele confirmou ter recebido, em junho de 2007, a permissão de uso de uma área de quatro mil metros quadrados no quinto Distrito Industrial de Araraquara. A negociação junto a Prefeitura, segundo ele, contou com a participação direta do ex-vereador Ronaldo Napeloso. Em depoimento, o empresário lembrou que, na época, a área utilizada estava pequena e, ao projetar a construção de um novo barracão houve a possibilidade de solicitar um espaço junto ao Executivo. O próprio construtor sugeriu uma reunião com Napeloso como sendo um contato para o auxiliar junto a Prefeitura. “Mas ele [Napeloso] nunca pediu dinheiro ou qualquer favor”, disse o empresário ao responder ao presidente da CEI, o vereador Donizete Simioni (PT). O empresário ainda admitiu ter votado em Napeloso e ter aberto a sua empresa para que ele e outros candidatos fizessem campanha eleitoral. Roberto Lopes ainda justificou ter cumprido todos os prazos e entregue toda a documentação necessária para obter a permissão de uso do terreno. Hoje, ele tem barracões com mais de mil metros e já viabiliza nova obra. A empresa tem 32 funcionários. À tarde, o empresário José Geraldo Prandi, da OHMS, empresa ligada a construção de subestação e linhas de transmissão, com 236 funcionários, também admitiu ter sido auxiliado pelo ex-vereador durante a obtenção da área que foi doada na gestão do ex-prefeito Waldemar De Santi, retomada no mandato do ex-prefeito Edinho Silva e, depois, adquirida uma nova área quando Marcelo Barbieri assumiu o Executivo.
Ele ainda negou ter sido coagido ou colaborado com o ex-vereador, seja financeiramente ou com qualquer outro favor. Para o empresário, um pedido como esse seria impraticável, até porque ele é um eleitor do ex-parlamentar e ambos mantém uma amizade de trinta anos. Os depoimentos continuam na segunda-feira, dia 18, com mais quatro depoimentos e termina no dia 21 com mais cinco testemunhos. Além de Simioni, que é o presidente, a CEI é relatada pelo também vereador Aluísio Braz, o Boi (PMDB), e tem como membros Edna Martins (PV), Geicy Sabonete (PSDB) e Dr. Helder (PPS). Durante os depoimentos desta quinta-feira, ainda estiveram, mas somente assistindo os vereadores Édio Lopes (PT) e Juliana Damus (PP).
Publicado em: 14/11/2013 17:41:27