Na noite de segunda-feira (10), foi realizada, de forma virtual, a mesa redonda “Mulheres e trabalho: desafios pós-pandemia”, uma iniciativa da Frente Parlamentar de Defesa do Direito das Mulheres, composta pelas vereadoras Fabi Virgílio (PT), Filipa Brunelli (PT) e pelo vereador Paulo Landim (PT). O evento contou com a parceria da Escola do Legislativo da Câmara Municipal e houve emissão de certificado aos participantes.
Conduziram a discussão a Procuradora do Ministério Público do Trabalho de Araraquara, Lia Magnoler Guedes de Azevedo Rodriguez, e a Coordenadora de Trabalho e Economia Criativa e Solidária do município, Camila Capacle, com mediação da advogada trabalhista Tainara Machado.
Fabi abriu o debate refletindo sobre a situação da mulher na realidade atual: “Essa pandemia trouxe dados sobre sobrecarga, no sentido do acúmulo do trabalho remoto com o doméstico e com educação online, entre outras funções. Há um fosso de desigualdade nas relações de trabalho, principalmente quando fazemos o recorte de gênero.”
A vereadora Luna Meyer (PDT) ressaltou como a “mulher ainda precisa superar barreiras em todos as instâncias, pois as nuances do machismo permeiam tudo, e o emprego é uma das emancipações femininas. Quanto mais e melhores as oportunidades de emprego, mais ela consegue sair do ciclo de violência que muitas se encontram.”
A mediadora do evento, Tainara, contribuiu destacando os reflexos nas demandas trabalhistas durante a crise sanitária provocada pela Covid-19. “O primeiro grande impacto gerado pela pandemia foi entre as trabalhadoras informais. Os trabalhadores domésticos em sua grande parte são postos ocupados por mulheres. Muitas empregadas são impedidas pelos patrões de verem os familiares pelo medo da exposição no transporte público, por exemplo, havendo, então, um cerceamento de liberdade. Muitas aceitam essa situação por medo de ficarem sem trabalho”
Lia Rodrigues frisou que a pandemia acentuou o “temor de perder o emprego”, principalmente nas mulheres, que foram as mais dispensadas durante a crise. Segundo a procuradora, as denúncias de discriminação da mulher no mercado de trabalho caíram 50 por cento, o que, na interpretação dela, não representa diminuição dos casos, mas sim, um receio de registrar o ocorrido.
Camila falou sobre a importância de ações do cooperativismo e da economia solidária e criativa com o recorte de gênero, mas antes afirmou que “precisamos começar a discutir o valor do trabalho de cuidado da vida”, desempenhado principalmente por mulheres e que representa 11 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). Sobre o uso não capitalista da terra, a coordenadora informou que “são as mulheres agricultoras que geram a subsistência do mundo. Na África, produzem 80 por cento dos alimentos consumidos pelo seu povo.”
Para a especialista, o senso de comunidade das mulheres das classes populares forma uma identidade coletiva, criando uma nova realidade. “É nesse sentido que se encaixa a economia solidária, um modelo de organização coletiva, que tem como princípio a geração de renda por meio do trabalho decente e da cooperação, gerando empoderamento feminino. ”
Como encaminhamento das discussões, Fabi afirmou que viabilizará a disponibilização de cartilhas do Ministério Público do Trabalho sobre assédio moral e outros temas relacionados ao evento, para distribuição à população e também durante as agendas junto à comunidade, realizadas por membros da Frente Parlamentar de Defesa do Direito das Mulheres.
Serviço
Confira no site do Ministério Público do Trabalho diversas publicações sobre esse e outros temas relacionados à Live: “Mulheres e trabalho: desafios pós-pandemia”.
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Publicado em: 12/05/2021 14:00:59