Ao mesmo tempo em que a descarbonização do setor automotivo ganha força em todo o mundo, com metas de erradicação da emissão de carbono até 2035 por nações como Estados Unidos e União Europeia, o movimento acende um alerta para o setor sucroalcooleiro, que tem grande parte de sua produção voltada ao etanol. O assunto foi discutido no evento “Híbrido Etanol: O Motor do Futuro – Uma agenda de desenvolvimento, emprego e sustentabilidade”, que reuniu governantes, sindicatos, pesquisadores e montadores de veículos, na manhã da quarta-feira (6), no Centro de Eventos de Araraquara e Região (Cear), com o objetivo de discutir uma nova fonte de energia limpa para automóveis.
Na abertura, a Câmara Municipal de Araraquara foi representada pelo segundo secretário, Lucas Grecco (PSL), acompanhado do presidente, Aluisio Boi (MDB), e dos vereadores Carlão do Joia (Patriota), Emanoel Sponton (Progressistas), Fabi Virgílio (PT), Guilherme Bianco (PCdoB), Hugo Adorno (Republicanos), Marchese da Rádio (Patriota) e Paulo Landim (PT).
Para Boi, a escolha de Araraquara para sediar um evento deste porte demonstra a importância da cidade para o desenvolvimento regional. “Araraquara é ícone quando se fala em inovação. Apenas com a união de todos os setores da sociedade – Legislativo, Executivo, universidades, trabalhadores e empresários - será possível pensar em uma alternativa que seja benéfica tanto para o meio ambiente quanto para a economia da região e do país”, salientou.
Representando os prefeitos que integram o Consórcio de Municípios da Região Central do Estado de São Paulo, o prefeito Edinho Silva (PT) destacou o momento histórico do evento e compartilhou sua preocupação quanto ao futuro da economia da região. Segundo o prefeito, são 1,2 mil municípios que dependem diretamente da economia sucroalcooleira.
“Qual o papel do Brasil na transformação da matriz energética para que a gente não sofra um desmanche em nosso setor industrial; para que a gente não sofra um desmanche das nossas usinas, da nossa capacidade produtiva de etanol? Qual impacto isso geraria na economia local, regional e brasileira? Eu penso que o motor híbrido tem que assumir a centralidade nesta história e tem que ser rápido, muito rápido”, frisou Edinho.
Motor híbrido
Uma das alternativas levantadas para atender à demanda do mercado por energia limpa é o desenvolvimento de veículos híbridos elétricos, com propulsor a combustão flex ou movido exclusivamente a etanol. Outra tecnologia sugerida envolveria um sistema que permitiria a transformação do etanol em hidrogênio para alimentar a bateria elétrica, descartando a necessidade de carregamento pela tomada.
O assunto foi discutido em três painéis: "Carro híbrido a etanol (desafios e oportunidades da academia ao mercado)", "Carro híbrido: Um conceito sustentável - Carro elétrico é mesmo sustentável?" e "O novo ciclo do etanol: Qual o caminho para o etanol se consolidar como principal fonte sustentável de energia para o futuro?". Os painéis foram mediados por governantes, pesquisadores, representantes de universidade, de entidades de trabalhadores, de montadoras de veículos, além de representantes da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) e de outras instituições.
Proálcool
O Programa Nacional do Álcool (Proálcool) é fruto de uma iniciativa do governo federal de intensificar a produção de álcool combustível (etanol) para substituir a gasolina, frente à crise mundial do petróleo, durante a década de 1970, que elevou o preço do produto, impactando negativamente nas importações do país.
Nesse sentido, em 1975, foi criado o Proálcool, que passou a oferecer vários incentivos fiscais e empréstimos bancários com juros abaixo da taxa de mercado para os produtores de cana-de-açúcar e para as indústrias automobilísticas que desenvolvessem carros movidos a álcool.
Publicado em: 07/10/2021 13:28:13