No dia 16 de julho, foi divulgado que um idoso, morador do Jardim das Hortênsias, teria falecido enquanto aguardava por um cateterismo, solicitado por médico cardiologista, em caráter de urgência, dois meses antes.
Buscando esclarecimentos sobre a demora na realização de exames, o vereador Lineu Carlos de Assis (Podemos) protocolou o Requerimento nº 612/2022, solicitando informações sobre as filas de espera na rede pública de saúde. O parlamentar foi recentemente respondido pela Secretaria Municipal da Saúde.
Na resposta, o setor informou que, no momento, há 145 solicitações para realização de cateterismo em Araraquara. Segundo a Secretaria, em situações normais, são realizados de 20 a 25 exames por mês e há um período de 20 a 30 dias entre a data da solicitação e da efetiva realização.
O órgão municipal afirmou que, em maio deste ano, o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) publicou um esclarecimento sobre a dificuldade de realização de alguns exames, incluindo cateterismo. Entre as justificativas estão o aumento da demanda pós-pandemia; a situação do coronavírus no resto do mundo; a escassez de iodo, elemento essencial nas formulações de meios de contrastes; a interrupção do fornecimento dos meios de contrastes por uma das empresas com importante fatia deste mercado; entre outros.
A Secretaria também mencionou uma nota publicada no dia 12 de julho pelo Ministério da Saúde. No documento, está presente a orientação de racionalizar o uso de contraste iodado para exames e procedimentos médicos, até que ocorra a normalização do fornecimento do produto. A nota informa que “a escassez é global e de grande preocupação''.
O setor municipal de saúde informou que o cenário de escassez acarreta uma demora maior para o agendamento e realização de cateterismos, uma vez que o profissional deve avaliar a gravidade da situação do paciente.
A unidade de saúde que realiza cateterismos na cidade é a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Araraquara. De acordo com a Secretaria, o local é o único que pode realizar esse, pois está habilitado em “unidade de assistência de alta complexidade cardiovascular", "centro de referência em alta complexidade cardiovascular" e "cirurgia cardiovascular e procedimentos em cardiologia intervencionista" - verificado pelo Ministério da Saúde.
A Secretaria fez uma declaração sobre o óbito mencionado: “A fatalidade relatada é de um paciente que, assistido por profissional médico em junho, teve a solicitação de ‘Cintilografia do Miocárdio’, sem indicação de ‘prioridade/urgência’, sendo que, para tal exame, também se utiliza de contraste, com grande demanda solicitada; não ocorrendo neste caso, infelizmente, tempo hábil para o agendamento requerido antes do referido óbito. Vale destacar que já havíamos iniciado processo de licitação para contratação adicional do tal procedimento (diferentemente do cateterismo, este procedimento não necessita de habilitação prévia para a sua execução pelo SUS)”.
Publicado em: 06/09/2022 18:29:20