O trabalho e os impactos das cooperativas em nossa cidade foram tema da Audiência Pública realizada no Plenário da Câmara na tarde de sexta-feira (07). O debate, convocado pelo vereador Guilherme Bianco (PCdoB), reuniu mais de 200 pessoas nas dependências da Casa de Leis, entre eles representantes de seis empreendimentos econômicos solidários, cooperados e trabalhadores.
Por mais de duas horas, pessoas que fazem (ou fizeram) parte de associações formadas por meio do Programa “Coopera Araraquara” compartilharam histórias de acolhimento e superação de preconceitos vividas ao longo dos anos e que agora estariam em risco com a possibilidade de alterações e, até mesmo, encerramento dos contratos firmados com o Município.
“O que mais nos preocupa é em relação à [cooperativa] Sol Nascente. Eles receberam um comunicado do governo dizendo que não vai prorrogar um dos contratos que eles têm e que vence agora, no final do mês de março”, justificou o vereador Alcindo Sabino (PT).
O parlamentar ainda citou a fala do secretário de governo municipal, Leandro Guidolin, em sessão ordinária realizada em 25 de fevereiro, sinalizando mudanças na contratação da Cooperativa Acácia. Segundo declaração do titular da pasta, o serviço, que hoje é administrado pelo Departamento Autônomo de Água e Esgotos de Araraquara (Daae), passaria a ser gerido pela Prefeitura para, futuramente, ser executado por empresas terceirizadas.
Em seguida, foi a vez da presidenta da Acácia, Helena Francisco da Silva, demonstrar preocupação com o futuro da cooperativa, que pode ter seu contrato finalizado após 16 anos de trabalho na cidade. “Tem muita gente com medo de ficar sem o trabalho, perguntando de onde vai tirar sua renda, onde vai trabalhar, porque a coleta seletiva vai acabar. Nós pretendemos continuar com a coleta seletiva e vamos tirar o nosso sustento desse trabalho”, declarou.
“Nós estamos aqui hoje reunidos porque queremos saber o que está acontecendo, vão acabar com nosso contrato? E eu pergunto, o que nós fizemos de errado?”, questionou Edgar Gomes Martins, presidente da Cooperativa Social de Trabalho em Recuperação de Materiais dos Egressos Prisionais de Araraquara “Sol Nascente”.
No total, 27 participantes deram seus depoimentos na Tribuna da Câmara, entre parlamentares e público presente. Falas de apoio às cooperativas foram recorrentes e lembraram que, atualmente, mais de 450 pessoas dependem diretamente das atividades realizadas nesses espaços, que empregam uma população frequentemente excluída pelo mercado formal de trabalho, como pessoas com baixa escolaridade, egressos do sistema prisional e idosos, por exemplo.
Encaminhamentos
Como encaminhamento das discussões realizadas na audiência, Bianco mencionou algumas medidas imediatas, como o envio de um requerimento ao Executivo pedindo informações sobre o possível encerramento dos contratos e explicando quais foram os motivos que levaram a essa decisão. “Além disso, será proposta uma agenda de visitas a todos os vereadores e secretários municipais, para conhecerem in loco o efeito prático das associações solidárias e, assim, apresentar à sociedade o que é de fato o cooperativismo”, apontou.
A Audiência Pública ainda contou com a presença da deputada estadual Thainara Faria (PT), das vereadoras Fabi Virgílio (PT) e Filipa Brunelli (PT), dos vereadores Aluisio Boi (MDB), Marcão da Saúde (MDB) e Paulo Landim (PT), além das cooperativas Sol Nascente, Acácia, Panelas Unidas, MoradaCar, Vitória Multiserviços e Dons Dorcas.
Onde assistir?
O evento foi transmitido ao vivo pela TV Câmara, no canal 17 da Claro, e está disponível, na íntegra, para ser assistido a qualquer momento nos perfis do YouTube e Facebook da Câmara de Araraquara.
Publicado em: 10/03/2025 18:36:11