Melhorias na qualidade de vida da população idosa são debatidas em Audiência Pública na Câmara

Convocada pelo vereador Michel Kary (PL), discussão aconteceu no Plenário da Casa de Leis na tarde de segunda-feira (15)
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A criação de políticas públicas para promoção de melhorias na qualidade de vida da população idosa foi o tema da Audiência Pública que aconteceu no Plenário da Câmara na tarde de segunda-feira (15).

 

A realização do evento foi uma iniciativa do vice-presidente da Casa de Leis, vereador Michel Kary (PL), que identificou a importância de conscientizar a população sobre o envelhecimento, uma vez que a expectativa de vida dos brasileiros aumentou nas últimas décadas.

 

“Segundo o IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística], em 2030, a população idosa deve superar a de crianças e adolescentes. E o que está sendo feito por isso? Quais exemplos podemos buscar para implementar em Araraquara? Então aqui é um ambiente para a gente dar um passo a mais do que já tem em Araraquara e ver o que pode ser implementado no futuro. Garantir a qualidade de vida na melhor idade envolve ações integradas nas áreas de saúde preventiva, lazer, acessibilidade, segurança, inclusão digital e social, além de oportunidades de trabalho e voluntariado”, afirmou o parlamentar no início da discussão.

 

Conforme colocado ainda por Kary, a população idosa, com 60 anos ou mais, é composta por aproximadamente 45 mil pessoas em Araraquara e 3,4 mil idosos são atendidos mensalmente por programas municipais voltados à terceira idade. “Também tem serviço especializado, que é o Cria [Centro de Referência do Idoso de Araraquara], que oferece atendimentos como geriatria, fonoaudiologia, terapia ocupacional, fisioterapia, psicologia, hidroginástica, entre outros. São 132 pessoas idosas no município em abrigos ou repúblicas, como Recanto Feliz e Vila Dignidade.”

 

Representando as instituições de acolhimento de idosos, Daniel Bombarda, do Lar e Internato “Otoniel de Camargo”, falou da dificuldade em motivar o idoso. “Vemos que o idoso chega, ele está bem e depois vai decaindo. Então, juntamente com a Prefeitura, temos procurado recursos, as Oficinas Culturais, o Fundo Municipal do Esporte, para levar atividades para esses idosos e realmente tentar dar uma melhor qualidade de vida. O nosso desafio é esse, da motivação. É você tirar o idoso da frente da televisão, que ele saia daquela rotina de dormir, comer e assistir TV.”

 

Bombarda comentou que a instituição chegou a ter quase 30 idosos, mas com as novas legislações de espaço e de quarto, passou a poder receber apenas 16. “A dificuldade hoje é de abrir mais vagas e tem a questão de custo também, porque pela Lei do Idoso, 70% da aposentadoria dele fica para a instituição, mas a maioria deles ganha um salário mínimo. E nós temos casos de idosos que custam R$ 6 mil por mês para nós. Então entram nossos trabalhos voluntários, buscamos fazer diversos eventos.”

 

Respondendo no momento pela Secretaria Municipal da Saúde, a diretora da Fundação Municipal “Irene Siqueira Alves”, a Fungota, Emanuelle Laurenti, pontuou que é necessário desenvolver ações com um número muito maior de pessoas, pois “assim é possível diminuir as pessoas que estão adoecidas”.

 

Para o secretário municipal de Esportes e Lazer, João Henrique Silvestre, é muito importante pensar no futuro e buscar políticas que sejam mais adaptadas ainda e mais direcionadas para esse público. “Temos muitas possibilidades dentro do esporte de poder disponibilizar atividades que sejam direcionadas para esse público, porque efetivamente a gente tem aí uma parcela da população muito grande que hoje tem uma certa ociosidade, que acaba não tendo oportunidade, às vezes, de poder praticar algum exercício, alguma atividade e até mesmo a sociabilidade.”

 

Membros da Frente Parlamentar em Defesa e Garantia dos Direitos dos Idosos, os vereadores Marcão da Saúde (MDB) e Paulo Landim (PT),  presidente da Comissão, também participaram da Audiência. Landim destacou que a Fundesport “tem grandes projetos e temos que socializar isso para os bairros, aumentar esse leque. Temos que levar para mais pessoas, porque tem pessoas que não têm condições”.

 

Marcão enfatizou o trabalho que vai ser realizado pela Frente. “As nossas reuniões estão marcadas para 8 de outubro, 12 de novembro e 10 de dezembro, às 10 horas, aqui na Câmara. Vamos montar um grupo que vai lutar pelos idosos.”

 

Cria

A subsecretária da Assistência Especializada, Urgência e Emergência, Karina Maia, detalhou o trabalho realizado pelo Centro de Referência do Idoso de Araraquara, localizado no Quitandinha, ao lado do novo NGA. “Temos vários atendimentos lá. Estamos passando por uma reestruturação agora do espaço, então estamos ampliando a equipe do Centro de Referência. Lá temos fisioterapia, geriatria, psiquiatria, psicologia, gerontologia.”

 

Ela explicou que a gerontóloga cuida da ciência multidisciplinar voltada para a população idosa, “não só na parte biológica, como também na parte científica e na parte social. Ela faz toda essa parte de triagem e de verificação das condições do idoso e faz o encaminhamento correto para que área ele precisa passar dentro do serviço de saúde ou social que nós temos lá”.

 

De acordo com a subsecretária, o Cria vai ter uma nova assistente social dentro do espaço, juntamente com o serviço de terapia ocupacional e de hidroterapia. “O espaço está de portas abertas para qualquer atendimento dentro da saúde, temos profissionais maravilhosos lá e de muita competência.”

 

Em movimento

Representando a equipe de ginástica artística da melhor idade da Fundesport, Vera Lapena falou sobre a importância da continuidade e do fortalecimento de “um projeto que há mais de 40 anos transforma vidas nessa cidade”.

 

“Somos um programa de saúde pública que atende diretamente as necessidades dos nossos cidadãos com mais de 60 anos, promovendo prevenção de saúde, de doenças, combate à depressão, isolamento social. A autonomia e a mobilidade nossa, a elevação da autoestima e da qualidade de vida, a integração social e senso de pertencer, de fazer parte de alguma coisa”, reforçou.

 

“Os depoimentos dos participantes demonstram melhorias significativas na saúde física, mental e social, como a cura da depressão, melhora da autoestima, diminuição de gastos de glicemia, combate à obesidade, entre outros relatos. As atividades competitivas estão trazendo visibilidade ao município através das múltiplas conquistas em competições regionais, estaduais, municipais e até internacionais”, exaltou Vera, pedindo o reconhecimento formal desse programa como política pública de saúde preventiva. “É uma iniciativa que demonstra resultados excepcionais na promoção da saúde pública e a integração social de nossos atletas da melhor idade. Estamos confiantes de que esta Casa aprovará as medidas necessárias para garantir a continuidade e a expansão técnica desses projetos fundamentais para todos. A divulgação é extremamente importante.”

 

Responsável pela equipe, Henrique Sanioto reforçou a necessidade de reconhecimento e que sejam discutidas ideias e não cancelamentos, “não podar o que já foi conquistado”.

 

“Além da ginástica, temos a hidroginástica, porque a gente sabe dessa população idosa que cada vez mais cresce em Araraquara, no Brasil e no mundo”, disse o subsecretário municipal de Esportes e Lazer, Beto Grifoni. “E isso é preocupante porque vai onerar o sistema público de saúde mais dias ou menos dias. O sistema de saúde hoje gasta milhões com cirurgias cardíacas. Temos hoje as aulas de Lian Kun, Yoga, Tai Chi Chuan. Então, dessas políticas públicas de saúde, bem-estar e qualidade de vida, fizemos nesses primeiros oito meses quase 7 mil atendimentos. É pouco diante da quantidade de idosos que temos, mas é isso o que a Secretaria de Esportes oferta. Tem muito mais idosos que vão em academias, que fazem em outros espaços. A gente tem que fortalecer cada vez mais esses programas de práticas corporais, não só para os idosos. A gente precisa ter uma população saudável. Se nós tivermos uma população saudável, isso diminui sensivelmente os custos de saúde”, completou.

 

Encerrando, Grifoni reafirmou o interesse em ampliar o trabalho que é realizado. “Isso a gente já vem conversando há muito tempo. Vamos ampliar mais dois locais nessa mesma linha de trabalho, é isso que a gente tem que fortalecer, é criar essas políticas públicas.”

 

E agora?

Kary garantiu que a Frente Parlamentar vai estudar as leis municipais para garantir as políticas públicas para os idosos, principalmente do projeto da melhor idade. “Vamos pensar em possibilidades de apoio dos Cras para continuar a confecção dos gorrinhos, da meia, de cachecol para trazer investimento com vendas para a ajudar as instituições ou para realmente ajudar a Gota de Leite, a Santa Casa, a Unimed a ampliarem esse projeto. Tiramos também aqui algumas ideias da condição dentária dos idosos, em parcerias possivelmente com a Unesp e com a Uniara. E que a gente consiga realmente dar mais flexibilidade e segurança para quem tem intenção de fazer as doações para o Conselho do Idoso, e também que dê mais flexibilidade e autonomia também para as instituições poderem gastar da forma que realmente o idoso precisa e necessita”, terminou.

 

Também participou do debate o diretor técnico da Fungota, Carlos Cordeiro.

 

Como rever

A Audiência Pública foi transmitida ao vivo pela TV Câmara, no canal 17 da Claro, e pode ser revista no Facebook e no YouTube das Casa de Leis.




Publicado em: 16/09/2025 18:34:47