Araraquara é um município no interior do estado de São Paulo, no Brasil. O município é formado pela sede e pelos distritos de Bueno de Andrada e Vila Xavier[9][10]. Com população estimada em 233.744 habitantes (2018) e densidade populacional de 232,9 habitantes/km², o município é o trigésimo quinto mais populoso do estado e a 17ª maior cidade do interior do estado. O município encontra-se conurbado com Américo Brasiliense.
Com uma área territorial de 1.003,635 km², localizada a 21º47'40" de latitude sul e 48º10'32" de longitude oeste, a uma altitude de 664 metros, Araraquara situa-se a 43 quilômetros do centro geográfico (Obelisco) do Estado de São Paulo, e a 270 quilômetros da capital estadual.
O município de Araraquara sedia os campi da UNESP, da FATEC (Fundação Estadual Paula Souza) e do IFSP, todas instituições públicas de ensino superior, além de possuir outras, de caráter privado, como a "Universidade de Araraquara - UNIARA", a "UNIP", as "Faculdades Integradas de Araraquara - Logatti" e a "UNIESP".
O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) de Araraquara, considerado elevado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), é de 0,815, sendo o 14° maior do Brasil. Em 2007, foi a cidade brasileira melhor qualificada quanto ao Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal, que usa critérios de renda, educação e saúde.
Etimologia
Existem duas explicações etimológicas para a origem do topônimo "Araraquara", a mais comum e adotada é também a que dá ao município o apelido de Morada do Sol.
Segundo a obra "Monografia da Palavra Araraquara" de 1952, de Pio Lourenço Corrêa, o nome primitivo era Araquara, dada a existência da Serra de Araquará, com o passar do tempo, por homofonia com a palavra arara e ignorância do idioma Tupi, passou-se a adotar o nome Araraquara. Nesta mesma linha, há ainda a narrativa no século XVIII, um astrônomo português, em viagem de exploração pelo rio Tietê, se deparou com uma grande cordilheira, cujos reflexos da luz do sol lhe fizeram enxergar uma grande cidade, que ainda não existia. Àquela região os índios guaianá, então seus habitantes, davam o nome de Aracoara (de ará, dia, e coara, toca ou morada).
A outra versão baseia-se na expressão da língua geral meridional arara kûara, que significa "toca das araras" (arara, "arara" e kûara, "buraco", "toca").[17]
História
Primeiros povos e colonização
Originalmente, a região era habitada pelos índios guaianás. O fundador de Araraquara, Pedro José Neto, nasceu no ano de 1760 em Nossa Senhora da Piedade de Inhomirim, no Bispado do Rio de Janeiro. Em 1780, com vinte anos de idade, mudou-se para a freguesia de Piedade da Borda do Campo, hoje Barbacena, em Minas Gerais. Nessa freguesia, a 12 de Agosto de 1784, casou-se com Ignácia Maria, também fluminense. Teve, com ela, dois filhos: José da Silva Neto e Joaquim Ferreira Neto, que faleceram em Araraquara.
Em 1787, Pedro José Neto e sua família mudaram-se para Itu, em São Paulo. Em 1790 (ou 1807), devido a problemas políticos locais, a Justiça de Itu, por seu capitão-mor Vicente Taques Góis e Aranha, condenou-o ao desterro na freguesia de Piracicaba, em São Paulo, tendo ele conseguido fugir para os Campos de Araraquara. Com seus filhos, construiu uma capelinha dedicada a São Bento (padroeiro) nos Campos de Aracoara (lugar onde mora a luz do dia, a "Morada do Sol"), na região habitada pelos indígenas da tribo Guayanás. Fixando-se nos Campos de Araraquara, estabeleceu posse das regiões do Ouro, Rancho Queimado, Cruzes, Lageado, Cambuy, Bonfim e Monte Alegre.
Fundação
Colheita de café em Araraquara em c. 1902.
Estação Ferroviária de Bueno de Andrada, distrito de Araraquara.
Laudo Natel em visita ao Aeroporto de Araraquara, 20 de fevereiro de 1975.
A 22 de agosto de 1817, foi criada a Freguesia de São Bento de Araraquara pela Resolução 32 - Reino -Resolução de Consciência e Ordens, então subordinada ao município de Piracicaba . A 30 de outubro de 1817, a freguesia foi elevada à categoria de distrito e, a 10 de julho de 1832, passou à de município, o qual foi instalado a 24 de agosto de 1833.[5] A 20 de abril de 1866, passou à categoria de comarca pela Lei Provincial 61 e, a 6 de fevereiro de 1889, foi elevada à categoria de município, pela Lei Provincial Sete.
Do ponto de vista histórico-econômico, na primeira metade do século XIX, as grandes propriedades rurais, características deste século, ainda não tinham sido atingidas pelo surto cafeeiro. Plantava-se a cana-de-açúcar, milho, ao lado de outros cereais, o fumo e o algodão. Os rebanhos eram constituídos em sua maioria por suínos e bovinos. A maior parte da produção servia para abastecer as "casas de secos e molhados". Por volta de 1850, a plantação de café substituiu a de cana-de-açúcar e cereais, tornando-se o produto de maior importância na economia local.
Em 1885, a chegada da ferrovia estimula o crescimento da cidade, que foi considerada a "Cidade Mais Limpa das Três Américas", além de ser a primeira no interior a ser servida por linhas de ônibus elétricos (trólebus). A Estrada de Ferro Araraquara foi fundada por um grupo de fazendeiros da região, liderados por Carlos Baptista de Magalhães, pai de Carlos Leôncio de Magalhães, ambos importantes proprietários de terras da cidade.
Século XX
Em 1897, ocorre um episódio de coronelismo conhecido como Linchamento dos Britos. Este episódio influenciará na política local do início do século XX, além de gerar o "mito da serpente".
Na década de 1930, com a vitória no pleito municipal de Bento de Abreu Sampaio Vidal e seu grupo, o poder local passa a investir na construção de praças e do Museu Municipal e na arborização de ruas, visando a construir uma outra representação sobre a cidade, que não a veicule ao episódio do linchamento.
Fato notável é a visita de Jean-Paul Sartre à cidade em 1960 para promover uma conferência no antigo Instituto Isolado de Ensino Superior - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, atualmente integrada à Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. A conferência gerou uma publicação bilíngue pela Editora Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, em 2005, chamada "Sartre no Brasil: a Conferência de Araraquara".