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Em audiência pública realizada no Plenário da Câmara Municipal, na segunda-feira (31), representantes de serviços públicos e entidades ligados à rede de cuidados, prevenção e tratamento de pacientes portadores do vírus HIV/Aids de Araraquara apontaram a falta de leitos nos hospitais da cidade e da região, como o problema mais grave enfrentado no momento. O debate ocorreu com a condução do vereador João Farias, autor do pedido para a realização da audiência.
Segunda do estado em mortes por HIV-Aids
A alarmante informação de que a região de Araraquara, formada por 24 municípios, é a segunda colocada com maior número de mortes pela doença foi confirmada por Artur Kalichman, Coordenador adjunto do Programa Estadual de DST/Aids de SP, que acrescentou, porém, que a cidade de Araraquara está na 76ª posição do estado, com 8,4 mortes para 100 mil habitantes, mesmo assim, acima da média estadual (Estado 6,5 e região 9,0). Mesmo assim, a situação impacta diretamente na estrutura de saúde da cidade, já que é na Santa Casa de Araraquara, que conta com apenas dois leitos, e no Hospital Estadual de Américo Brasiliense (HEAB), com seis leitos para os pacientes, que os doentes são internados, principalmente no estágio mais crítico e onde acabam sendo registrados os óbitos. A região de Santos é a que apresenta o maior número de mortes pela doença no estado.
Mesmo que haja uma rede especializada para cuidados no estado, Kalichman apontou ainda falhas no serviço de atenção básica dos municípios, que tem dificuldade, exemplificou, até para aplicar uma injeção de Penicilina Benzatina em pacientes com Sífilis, outra doença sexualmente transmissíveis. “É preciso treinar e capacitar a atenção básica, para que ela possa, quem sabe, assumir algumas responsabilidades maiores no acompanhamento dos pacientes”, afirmou.
Falta de leitos agrava a situação
O aumento do número de leitos foi apontado como prioridade pelo diretor regional de Saúde (DRS-3), Antonio Martins, pelo secretário municipal da Saúde, Dr. Carlos Fernando e por Andreone (RNP+Sol), como prioridade. Ficou claro que este é o maior problema atual da questão. Esta mesma necessidade é apontada de forma geral para atendimento a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), já que ocorre falta de leitos na região. Martins ponderou que não deveria haver esta diferenciação nos leitos, já que, para ele, o paciente sofre de uma enfermidade e precisa de um leito para tratamento, como qualquer outro.
Por ser uma doença que causa temores e está envolvida em preconceitos, o portador da doença vive apreensões em seu tratamento e experimenta contradições, principalmente com notícias, como o impacto da morte recente de quatro pessoas em curto espaço de tempo, no mês de julho, em contrapartida a um comemorado avanço na qualidade dos serviços públicos prestados à população, anunciado pelos gestores das esferas municipal, estadual e federal, que tratam do assunto. O anúncio de que a contaminação ocorre atualmente com incidência maior na faixa entre 15 e 24 anos, mesmo com diminuição dos casos de forma geral, e a dificuldade de se ter vagas hospitalares para acolhimento de pacientes que precisam de tratamento mais intenso, também aumentam a preocupação. Os dados foram apresentados por Margareth Preto, do Fórum DST/Aids de São Paulo e Alberto Andreone, da Ong RNP+Sol, de Araraquara.
Serviço de Assistência Especializada
A proposta da implantação de um SAE (Serviço de Assistência Especilizada) na cidade, também foi defendida na audiência, de forma unânime pelos participantes. O serviço presta atendimento integral e de qualidade aos usuários, por meio de uma equipe de profissionais de saúde composta por médicos, psicólogos, enfermeiros, farmacêuticos, nutricionistas, assistentes sociais, educadores, entre outros, com cuidados de enfermagem, orientação e apoio psicológico, atendimentos em infectologia, ginecológico, pediátrico e odontológico, controle e distribuição de antirretrovirais, distribuição de insumos de prevenção, atividades educativas para adesão ao tratamento e para prevenção e controle de DST e Aids.
A proposta será encaminhada à Secretaria de Saúde do Estado pela deputada estadual, Márcia Lia, que também participou da Audiência. Estiveram presentes, o promotor público da saúde, Dr. Álvaro Cruz Júnior; doutores Danilo de Souza e André Peluso Nogueira, do Hospital Estadual de Américo (HEAB); Dr. Walter Manso Figueiredo, diretor do Serviço Especial de Saúde de Araraquara (SESA-USP), os vereadores Elias Chediek, Farmacêutico Jéferson Yashuda, Edio Lopes e William Affonso, servidores municipais e estaduais que trabalham com o tema, além de representantes de Ongs.
Encaminhamento
Para o vereador João Farias, a audiência tem papel fundamental nesta luta para o desenvolvimento do trabalho. “Precisamos ter a maturidade de manter permanentemente um conflito saudável, sustentando um diálogo permanente para resolver os problemas e melhorar os serviços da rede de cuidados ao paciente portador do HIV”, destacou. O debate será transformado em um documento oficial, que pode ser aprovado pela Câmara Municipal, para ser encaminhado ao Secretário Estadual da Saúde e ao Ministro da Saúde, sintetizando tudo o que foi colocado pelas equipes técnicas, governamentais e pelos movimentos sociais, demonstrando que é possível realizar ações e buscar algumas saídas imediatas para diminuir as tensões e as estatísticas da cidade. Ele ainda alertou sobre a atuação dos entes públicos. “Aqueles que necessitam do poder público gritam por nós hoje, e aqui, cada um dentro de suas funções tem reponsabilidade por isso”, concluiu.
Confira a íntegra da audiência aqui.
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