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Desenvolvimento e direitos: uma luta que não é só das mulheres



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Edna Martins*

 

Era uma vez um grupo de pessoas do gênero homo, da espécie homo sapiens, que foi proibido de estudar, de trabalhar, de ir e vir sem autorização, de dar opinião, de votar, de decidir sobre seu próprio corpo. Esse grupo de pessoas foi submetido a torturas, ameaças e a toda sorte de humilhações. Se essa história fosse ficção, nós já acharíamos uma história absurda, mas é realidade. Houve um tempo em que esse grupo de seres humanos, chamado de mulheres, tornou-se consciente de sua condição e resolveu se juntar para pedir respeito, para pedir paz. Para reivindicar o direito a ter direitos. E desde que começou, essa luta passou por muitos espaços e por muitas mãos. Mas ao analisarmos essa luta em perspectiva histórica vemos que seus resultados são muito recentes. Em 1879 foi aprovada a Lei que garantiu às mulheres cursarem o ensino superior. Em 1932 elas puderam votar e, portanto, decidirem sobre quem iria representá-las. Em 1979 nós fomos autorizadas a praticar esportes, por que isso também nos era proibido. E assim foram se somando diversas conquistas que ampliavam direitos básicos às mulheres. Sendo que, só em 2006 foi promulgada a lei Maria da Penha. Portanto, faz só oito anos que homens que agridem mulheres são considerados criminosos.

 

Este dado é muito significativo, porque nos mostra o quão difícil é, neste país, avançarmos com uma legislação que nos permite desnaturalizar a violência de gênero. Muito provavelmente você que está lendo este texto conhece algum caso de violência contra mulher, e se não conhece, é só folhear as páginas de jornal para ver que ela acontece aos montes, todos os dias. E isso não pode ser absorvido por nós como algo normal. Isso não é normal. Não é normal que a maioria da população deste país esteja submetida a uma condição de humilhação e vulnerabilidade. Na última terça-feira, o relatório sobre violência contra as mulheres da ONU apontou que uma em cada três mulheres, em todo o mundo, é vítima de algum tipo de violência conjugal. Na média global, 38% dos assassinatos de mulheres foram cometidos por seus companheiros, cônjuges, parceiros. Calcula-se que entre 100 e 140 milhões de jovens adultas no mundo tenham sofrido algum tipo de mutilação genital. Estes dados nos alardeiam para o fato de que, ainda hoje, as políticas de combate à violência contra as mulheres são insuficientes. E não só são insuficientes como são, continuamente, tratadas como políticas menos importantes. Nossa sociedade e nossos representantes políticos não entenderam ainda que não há desenvolvimento em uma sociedade onde metade da população está submetida, diariamente, a condições de violência física e psicológica. Isso porque desenvolvimento não deve referir-se apenas ao crescimento do produto nacional bruto, a industrialização, ao progresso tecnológico.

 

O desenvolvimento de um país deve ser medido segundo sua capacidade de transformar as riquezas nacionais em qualidade de vida para seus cidadãos, por meio da redução das desigualdades sociais e da expansão das liberdades humanas. Por isso eu os convido a pensarmos em novas estratégias de enfrentamento da violência. Além disso, os convido a exercitar, diariamente, o resgate dos valores humanos entre nós. Porque não adianta termos empresas, estarmos entre as primeiras economias mundiais, termos um monte de parafernalha tecnológica, se o Ser Humano não resgatar a sua capacidade de indignação.

 

* Edna Martins – vereadora do Partido Verde


Publicado em: 03 de dezembro de 2014

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Categoria: Câmara

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