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O principal obstáculo para o desenvolvimento de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) é o diagnóstico tardio. O alerta é feito por Karina Maia, pedagoga, psicopedagoga com especialização em TEA e gestora do Centro Municipal de Referência do Autismo “Aldo Pavão Júnior”.
Karina Maia foi a palestrante da atividade “Desvendando o Autismo: compreendendo, acolhendo e promovendo a inclusão”, organizada na tarde de segunda-feira (24), no Plenário da Câmara Municipal, com organização da Escola do Legislativo (EL) e parcerias da Escola de Governo do Município de Araraquara e do Centro Municipal de Referência do Autismo. O evento foi mediado pela presidenta da EL, vereadora Luna Meyer (PDT).
A especialista destacou que o desenvolvimento da criança detectada com autismo deve possuir três pilares: acompanhamento de uma equipe multidisciplinar (fonoaudiólogo, psicólogo, pedagogo, psicopedagogo, terapeuta ocupacional, educador físico e fisioterapeuta), de profissionais da escola e da família.
“A família tem que estar disposta a buscar ajuda. Quando a família está naquele período de luto, de negação, de o filho idealizado não estar se desenvolvendo da forma que a gente imaginou, há uma resistência e um medo de saber o que é”, disse.
“Na maioria das vezes, os pais e profissionais demoram para detectar os sintomas. E, às vezes, negam. A gente tem que trabalhar isso também. Mesmo a gente tendo aquela dor, aquela dúvida, a gente precisa intervir e trabalhar a criança. Bem trabalhada logo cedo, ela tem condições de uma vida melhor na adolescência, na vida adulta. Diagnóstico tardio é aquele em que a família não vai atrás mesmo ao detectar uma dificuldade”, complementou Karina Maia.
Autismo não tem cara
O autismo é um transtorno de neurodesenvolvimento (atinge o cérebro em maturação). Ou seja, a criança já nasce com TEA e não o adquire ao longo da vida. As principais características do autismo são déficits na comunicação, na interação social e no comportamento.
Contudo, os autistas não seguem um padrão de comportamento. “Nenhum autista é igual ao outro. É um quadro complexo, com apresentações variadas no perfil de habilidades e dificuldades. E o autismo não tem cara, não tem característica física”, explicou.
Entre os principais déficits de comunicação da pessoa com autismo estão o atraso ou a dificuldade na fala, falas fora de contexto, lentidão do processamento e falta de “filtro social” e reciprocidade.
Karina utilizou a palestra para desmentir informações erradas propagadas sobre o TEA. Ela reforçou que o autismo não é uma doença mental, que não existe remédio para o tratamento e que o transtorno não é causado por vacinas, equipamentos eletrônicos ou tipos de alimentos. A palestrante ainda destacou que as pessoas com autismo não são agressivas e, embora tenham dificuldade para se expressar, gostam de fazer amigos.
Estima-se que 1% da população do mundo seja diagnosticada com TEA, o que, no Brasil, representa 2 milhões de pessoas. Nos EUA, uma em cada 36 pessoas nascidas possui algum grau de autismo (que é separado em níveis 1, 2 e 3).
Em Araraquara, o Centro Municipal de Referência do Autismo, inaugurado em 2020, atende cerca de 150 crianças, jovens e adultos. Os encaminhamentos são feitos pelas unidades de saúde da rede municipal. O espaço possui equipe multidisciplinar e um neurologista. “Nós temos recebido muitas visitas tanto dos municípios vizinhos como dos outros estados. Recebemos várias pessoas que vieram conhecer um pouco mais sobre essa política pública”, destacou a gestora.
Localizado na Rua Nove de Julho (Rua 2), nº 3700, no Jardim Dom Pedro I, o serviço atende de segunda a sexta-feira, das 7 às 19 horas. Os telefones para contato são: (16) 3335-9463 e (16) 99607-3617.
O município também possui a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea). O documento, com foto, substitui laudo médico em ambientes com atendimento prioritário a pessoas com autismo. São cerca de 400 a 500 pessoas com TEA cadastradas no Centro de Referência.
Informação
Luna destacou que o evento cumpre o papel de levar informação correta para a população. “A palestra é necessária e traz um pouco de luz neste campo recém-desbravado. O autismo está tão presente na nossa sociedade, mas, infelizmente, a gente vê o quão pouco as pessoas sabem lidar com essa condição que não tem nada de melhor ou de pior, é apenas diferente”, afirmou a parlamentar.
“A partir do momento em que a gente entende melhor quais são as caraterísticas e consegue se colocar no lugar do outro, o coração da mãe fica mais tranquilo. Ela entende que o filho é autista, tem dificuldades, mas pode ser PhD, ser um grande inventor. Essa condição tem que ser abraçada como um potencial”, complementou Luna.
Também estiveram presentes na palestra o vice-presidente da Câmara, Aluisio Boi (MDB), o vereador Gerson da Farmácia (MDB); o gerente de Reabilitação da Secretaria Municipal de Saúde, Luiz Armando Garlippe; e o gestor de unidade da Escola de Governo do Município de Araraquara, Roger Mendes.
A palestra foi transmitida ao vivo pela TV Câmara de Araraquara e continua disponível para ser assistida pelo YouTube e pelo Facebook.
Publicado em: 25 de abril de 2023
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Categoria: Escola do Legislativo
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