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Em 2014, o Restaurante Universitário (RU) localizado na Faculdade de Ciências e Letras (FCLAr) da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Araraquara foi fechado para reformas com o intuito de atender adequadamente os estudantes. No entanto, a partir de entraves apresentados na execução e continuidade das obras, o serviço foi suspenso, deixando de acolher milhares de alunos. Tal situação vem prejudicando a permanência estudantil e ocasionando a evasão de estudantes que não têm condições de se alimentarem e permanecerem na cidade.
Buscando uma solução para a questão, a vereadora Thainara Faria (PT) convocou Audiência Pública, realizada na segunda-feira (13), para debater o problema. “É de extrema importância o apoio às ações que estimulem a permanência estudantil na unidade, para que os alunos desenvolvam com excelência todas as suas atividades acadêmicas, e o Restaurante Universitário é peça fundamental que garante a alimentação adequada ao corpo discente da universidade, sobretudo aos que apresentam situação econômica vulnerável”, entende a parlamentar. Para a deputada estadual Márcia Lia (PT), é bastante oportuno poder discutir as condições da educação no estado de São Paulo. “Parabéns aos alunos que se dispuseram a vir aqui para que a sociedade saiba de fato como está a situação das universidades. Se juntarmos forças, podemos fazer a diferença. Essa luta tem que ser coletiva. Entendo que podemos formar uma comissão e irmos até a reitoria para que possamos retomar o diálogo que, provavelmente por falta de recursos, tenha sido interrompido.”
O que diz a Unesp
O diretor da FCLAr, Cláudio Cesar de Paiva, afirmou que o momento é de luta pelas universidades públicas brasileiras. “As três universidades paulistas são responsáveis por 35% de toda a produção científica do país; 35% dos cursos de pós-graduação de excelência estão no estado de São Paulo nessas três universidades; 95% de toda a produção científica do país está na universidade pública. Portanto, a defesa de uma universidade pública de qualidade é fundamental e é a única forma de garantir uma mudança drástica na vida de milhões de pessoas”, destacou. Paiva lembrou que desde 2014 não ocorre concurso público para professores e servidores técnico-administrativos. “Isso tem um impacto grande na condução da universidade. Tem dificultado a questão de aulas e de oferecimento de um serviço de qualidade.” “Temos lutado pelos equipamentos do RU”, garantiu. “Estamos dependendo da liberação do reitor do recurso de R$ 1 milhão, aprovado em dezembro, para este ano”, informou. “Sem equipamentos não tem jeito. É interesse da direção da FCL, não é uma luta só dos alunos, mas da direção também. É uma luta conjunta para que o restaurante seja reaberto. Acredito que essa comissão possa favorecer a liberação desse recurso”, completou. Representando a Reitoria da Unesp, o professor Mário Sérgio Vasconcelos, responsável pela Coordenadoria de Permanência Estudantil, apresentou diversos números e avaliou como importante “essa reivindicação em defesa da universidade pública”. “A universidade tem passado por uma crise financeira muito grande. A Unesp teve uma grande expansão, principalmente desde 1995, e os recursos não aumentaram. Antes eram 17 mil alunos, agora são 40 mil alunos de graduação. Eram 1.600 alunos de pós-graduação, hoje 14 mil. Uma universidade que ganhou representação nacional e internacional em pouco tempo, ela não tem 50 anos”, detalhou. “O RU faz parte da política de permanência estudantil da Unesp, como a moradia e os auxílios socioeconômicos. Em 2018, foram 4.329 estudantes atendidos. Sem esses auxílios, com certeza esses estudantes não teriam como permanecer na universidade. A Unesp tem feito um esforço, mas precisamos de recursos”, explicou Vasconcelos, lembrando que o RU não atendia mais o necessário, cerca de 1.200 refeições por dia. Para a vice-diretora da FCLAr, Rosa Fátima de Souza Chaloba, “os alunos estão cobertos de razão ao reivindicar o RU. Temos um cuidado com a questão da permanência estudantil. Em 2019, 275 alunos foram beneficiados na FLC, mas os auxílios estão congelados há muitos anos, ou seja, cada vez dá menos para viver com o valor de R$ 400. Temos que caminhar nisso. Não me furto ao diálogo e sempre encaminho as necessidades quando há essa possibilidade”.
Fome e medo
Representando o prefeito Edinho Silva (PT), o coordenador de Segurança Alimentar do município de Araraquara, Marcelo Mazzeta, acredita na resolução da questão com a união dos estudantes e o diálogo com a direção e a reitoria da universidade. “É muito difícil você se deparar com estudantes que estão passando fome. Superar essa situação é dever de todos e por isso estamos à disposição para poder contribuir da melhor maneira possível.” O aluno Pedro Carvalho, representando o corpo discente da universidade, relatou diversos problemas enfrentados na moradia estudantil. “Em 2018, a moradia foi invadida e seis alunos foram agredidos. Temos medo. Que saúde mental teremos para estudar?”, indagou. “Cinco anos. São milhares de alunos que nunca tiveram a experiência de comer no RU”, enfatizou. Falando pelo Coletivo MPJ em Disparada, Luciane Lima, aluna de Pedagogia e presidente do Centro Acadêmico de Pedagogia da Unesp Araraquara “Maurício Tragtenberg”, alertou para o fechamento de cursos, como o de Farmácia em 2020, além das condições precárias. “As refeições custavam em torno de R$ 2,50 e eram servidas 800 no almoço e 400 no jantar. O Restaurante era um diferencial para a permanência estudantil e beneficiava quase 10 mil pessoas anualmente, incluindo alunos, professores, funcionários, visitantes e a comunidade de um modo geral. Continuaremos lutando e perguntando: cadê o RU?”
O que será feito?
Para Thainara, a mobilização dos estudantes foi muito importante desde o primeiro momento. “Precisamos nacionalizar o debate sobre as universidades públicas. Estaremos juntos nessa luta e entendo que a formação da comissão será fundamental para a resolução desse elefante branco que virou o RU”, finalizou.
Ausências
Convidados, o Ministério Público e o Governo do Estado de São Paulo não enviaram representantes.
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