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O Ginásio de Esportes ‘Castelo Branco’ de Araraquara é um dos mais famosos complexos esportivos do interior. O Gigantão, como ficou conhecido, tem uma arquitetura única. Iniciado na gestão do prefeito Rômulo Lupo, em 1967, e concluído pelo prefeito Rubens Cruz, em 1969, o ginásio foi palco de grandes disputas esportivas e eventos culturais.
O sonho
A construção de um ginásio de esportes era um antigo sonho da cidade, que tentava acolher eventos de porte, como os Jogos Abertos do Interior, e não podia, pois lhe faltava um grande ginásio para as competições, fato que repercutia desfavoravelmente dentro e fora do Estado nos anos 50. Em 1957, o prefeito Rômulo Lupo (1956-1959) promulgou uma lei que autorizava a captação de recursos para a construção de um ginásio de esportes, conforme havia decidido a Câmara Municipal. Este foi o primeiro passo de muitos que seriam dados. Quando o prefeito Benedito de Oliveira (1960-1963) foi empossado, outras medidas foram tomadas pela Câmara e pela Prefeitura. Foi no segundo mandato de Rômulo Lupo (1964-1968) que o desejo começou a se tornar realidade.
O projeto – “uma obra de arte”
Assinado pelos arquitetos araraquarenses Luiz Ernesto do Valle Gadelha e Jonas Farias, proprietários da Construtora Domo, o projeto delineava uma obra arrojada, em concreto aparente, com um pórtico rígido e emprego de tirantes protendidos que ligavam os blocos de fundação formando uma quadra com a cobertura em casca, ligada através de um sistema de pilares e tirantes. Pietro Candreva, engenheiro, professor e mestre, fez os cálculos da estrutura de concreto armado para o vão de 60 metros (norte e sul) por 100 metros (leste e oeste). O contrato firmado com a Prefeitura previa investimentos municipais na ordem de NCR$ 1.348.924,00 (Um milhão, trezentos e quarenta e oito mil, novecentos e vinte e quatro cruzeiros novos), e fixava um prazo de 13 meses para a entrega da obra. Os cálculos do Gigantão foram desenvolvidos em 1966, na tese de doutoramento do engenheiro Pietro Candreva, com orientação do renomado mestre da Politécnica da USP, Telêmaco Van Langendowck.
A obra
No final de 1967, teve início o estaqueamento e as escavações do terreno. Em seguida, foram levantadas as arquibancadas. Começava a surgir o ginásio, erguido com muito ferro e muito cimento. Em meados de 1968, foi iniciado o madeiramento para a cobertura. Chuvas, falta de cimento no mercado e contratempos impediam o cumprimento do cronograma da obra. Mesmo assim, a cidade assistia a tudo maravilhada, e o prefeito Rômulo Lupo cumpria a promessa feita em seu primeiro mandato.
Passando o bastão
O empresário Rubens Cruz, prefeito de Araraquara no mandato seguinte (1969-1972) recebeu de Rômulo Lupo a missão de terminar o ginásio até outubro de 1969, quando aconteceriam os 34º Jogos Abertos do Interior. O contrato com a Construtora Domo foi rescindido de forma amigável e o prefeito Rubens Cruz convocou, então, em abril de 1969, uma Comissão Técnica, composta pelo arquiteto Nelson Barbieri e pelos engenheiros José Henrique Albiero e Roberto Massafera, com o compromisso de concluir a construção. A responsabilidade da administração das obras ficou a cargo do engenheiro Luiz Antonio Massafera. Sob seu comando, 250 operários, entre pedreiros, eletricistas, encanadores e serventes, empenharam-se em três turnos para concluir o gigante de concreto armado.
A origem do nome
Em 5 de setembro de 1969, por meio do Decreto nº 3.251/69, ficou decidido que o gigante de concreto seria chamado de Ginásio Municipal de Esportes “Castelo Branco” de Araraquara. Todos pensaram ser uma homenagem ao ex-presidente militar, Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, morto em 1967. O prefeito não desmentiu, mas o que queria mesmo era homenagear a esposa e o sogro, que tinham como sobrenome “Castelo Branco”. Sua esposa se chama Maria Thereza Castelo Branco Cruz, e um dos filhos do casal, Rubens Castelo Branco Cruz.
A inauguração
O Gigantão foi inaugurado no dia 11 de outubro de 1969, uma semana antes da realização dos Jogos Abertos do Interior. As seleções masculinas e femininas de vôlei e basquete de Araraquara inauguraram oficialmente a quadra do ginásio em 16 de outubro de 1969, numa última disputa de preparação para os Jogos Abertos.
Eventos
A cidade começava a atrair grandes eventos esportivos e culturais pela magnitude do novo local. 1971: Campeonato Mundial Feminino de Basquete 1971: 1ª FAIRA, Feira Agro-Industrial da Região de Araraquara 1971/1972: Miss Araraquara 1975: Campeonato Sul-Americano de Basquete Juvenil. O Brasil foi campeão vencendo a Argentina num jogo eletrizante acompanhado por 10 mil pessoas que lotavam o ginásio. Competição entre as seleções da Bolívia, Chile, Paraguai, Peru, Venezuela, que revelou talentos como Oscar Schmidt, Marcel, Guerrinha e outros. Carnavais, Jogos da Primavera, Jogos do Colégio Duque de Caxias, apurações das eleições, feiras, Jogos Regionais do Idoso, formaturas, eventos religiosos, bingos beneficentes, enfim, tudo acontecia no Gigantão. Lutas com Adilson Maguila, Luiz Faustino Pires, entre outras estrelas do boxe enfrentaram adversários no Gigantão. Década de 90: O Vôlei Lupo Náutico brilhou por mais de uma década proporcionando espetáculos de alto nível no Gigantão, por onde passaram atletas de renome nacional, como Giovane, Tande, Mauricio, Bernardinho, entre outros. 1999: O Gigantão acolheu os 63º Jogos Abertos do Interior. Esta competição projetou o basquete masculino rumo à divisão principal. Foi o surgimento do basquete do Centro Universitário de Araraquara (Uniara), vice-campeão nacional em 2002, e duas vezes vice-campeão paulista. A Liga Araraquarense de Futebol de Salão promoveu emocionantes campeonatos da modalidade com disputas regionais da equipe WL Decolores. Em 2008, com o Gigantão completamente lotado, a Seleção Brasileira de Futsal venceu a Venezuela por 6 a 0.
Artistas no palco
Além de ídolos dos esportes, artistas nacionais e internacionais subiram ao palco do ginásio em quatro décadas. 1969: Periquitos em Revista - Patinação Artística do Palmeiras 1977 e 1981: Maestro Ray Coniff e sua orquestra 1978 e 1982: Holliday On Ice Década de 1970: A tropa dos Trapalhões com Renato Aragão (Didi), Dedé Santana, Antônio Carlos Mussum e Zacharias levou uma multidão ao gigantão em um divertido show. Roberto Carlos esteve duas vezes no Gigantão 1988: Raul Seixas Ney Matogrosso, Milton Nascimento, Simone, Gilberto Gil, Lulu Santos, Titãs, Gal Costa, Angélica estão na galeria de shows marcantes no ginásio. As bandas RPM, Paralamas do Sucesso, Titãs, Legião Urbana, Ultraje a Rigor, Mamonas Assassinas encantaram gerações nas arquibancadas do ginásio. O público sertanejo aplaudiu Chitãozinho e Xororó, Leandro e Leonardo, João Mineiro e Marciano, Rio Negro e Solimões, entre outros.
Fatos e curiosidades
O projeto original previa no subsolo do ginásio um espaço para alojamento de atletas - O ginásio possui um túnel de acesso diretamente da Av. La Salle aos vestiários e quadra, por onde pode passar um caminhão. Dizem que a ideia do túnel surgiu com as obras já em andamento, e visava garantir a entrada de elefantes em apresentações circenses. - Na manhã seguinte à inauguração do Gigantão, em 1969, o prefeito Rubens Cruz foi internado com distúrbios cardiovasculares, segundo boletim médico da época. O prefeito, que tanto lutou para concluir o ginásio a tempo de receber os Jogos Abertos, não pôde acompanhar as partidas de perto e teve que ouvi-las pelo rádio. - Na fase final da obra de construção do ginásio, em 1969, o madeiramento interno, armado para a construção da cobertura, começou a ser retirado e desabou. O ginásio continuou firme como uma rocha. Um operário, o eletricista Agenor Palha, feriu-se no acidente e acabou falecendo dias depois. - A quadra de piso de madeira foi totalmente coberta de areia em duas ocasiões: Durante a Facira de 1994, para a realização de um rodeio. Em 2009, para um jogo de vôlei de praia entre estrelas do vôlei nacional, com Marcelo Negrão, Tande, Nalbert.
Queda e recuperação
Passaram-se 41 anos. No dia 29 de outubro de 2010 encerravam-se os Jogos da Primavera. Poucos minutos depois que os funcionários, por volta das 19 horas a aba externa, na parte do fundo do ginásio desabou. A partir daí foi feita a avaliação técnica de toda a estrutura física do Gigantão, com estudos conduzidos pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). O ginásio foi reformado e a parte interior totalmente modernizada. A quadra foi ampliada para se adequar às novas regras de alguns esportes. A quadra poliesportiva recebeu o nome do atleta araraquarense Carmo de Souza “Rosa Branca”. Em 9 de julho de 2013, uma semana antes da realização dos 57º Jogos Regionais, o Gigantão reabre suas portas para receber a população. O gigante de concreto armado, de arquitetura moderna e diferenciada, está recuperado. Um importante capítulo da história de Araraquara foi resgatado e o Gigantão volta ser o palco principal de importantes disputas esportivas e de formação de novos atletas.
Modelo
Desde a sua inauguração até os dias de hoje, estudantes de engenharia, arquitetura e profissionais da área visitam o Gigantão. A arrojada obra é modelo único de engenharia e arquitetura.
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