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“Fomos tratadas como animais. Eles tiraram a gente “que nem” cachorro de dentro do ônibus. Queremos nosso dinheiro de volta”, afirmavam Valéria Cristina Gouveia e Gislaine Marques, duas usuárias do transporte público de Araraquara, na tarde de segunda-feira (2), no Terminal de Integração, quando os funcionários da CTA decidiram parar as atividades. Era um sentimento de revolta por parte dos usuários que foram pegos de surpresa quando chegaram ao terminal e não puderam mais seguir viagem. Por volta das 14 horas as 25 linhas da CTA ficaram sem ônibus e população sem alternativa. Somente as linhas Pinheiro, Campus, Hortênsias e Vale do Sol não pararam. Elas já estão sob a responsabilidade do consórcio. Os vereadores Dr. Lapena e Juliana Damus, ambos do PP, se solidarizaram tanto com a população como com os funcionários. O movimento se deve ao não pagamento do ticket alimentação, cerca de R$ 300, que está atrasado desde o dia 20 de abril, com a promessa de ser pago hoje. Como não foi acertado, os motoristas iniciaram um movimento grevista surpresa. “Alguns estão dizendo que não tem nem o que comer em casa. Vivem uma situação de incerteza, pois a grande maioria vai perder o emprego e não será contratada pelo consórcio. E ainda passam por uma humilhação como essa”, disse Lapena, ao constatar a situação. O parlamentar reiterou que a paralisação afeta diretamente o usuário. A vida de quem depende do transporte vai ser comprometida. “Eu vejo isso como irresponsabilidade do órgão competente. Se a CTA foi extinta, se a prefeitura incorporou o passivo...quem tem que pagar por isso aqui? questionou. Com o caos instalado no terminal, o presidente da CTA, Silvio Prada, foi até lá, fez uma reunião com os representantes dos trabalhadores e disse que o vale seria pago até a quarta-feira. A tensão aumentou quando a proposta não foi aceita. Juliana, por sua vez, lembra que “a população esperou tanto por esse dia, que teria mudança, que teria um transporte de qualidade e hoje não tem ônibus. É lamentável. Ao invés de a prefeitura fazer festa, paga o ticket dos funcionários. Isso é um direito deles.” Era uma gritaria geral, muita reclamação, mas um fato chamou a atenção: um pai com uma criança no colo chorando, querendo ir para casa. Ela estava assustada com o tumulto. Era o retrato de um dia difícil na cidade.
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