Notícias



Audiência propõe políticas públicas para população LGBTQIA+

Debate requerido pela vereadora Filipa Brunelli (PT) discutiu formas de combate ao preconceito

90


Na noite da quarta-feira (23), a Câmara Municipal de Araraquara realizou audiência pública para discutir os direitos da população da LGBTQIA+. O encontro foi realizado a pedido da vereadora Filipa Brunelli (PT) por meio do Requerimento nº 861/2022.

De acordo com o Relatório Mundial da Transgender Europe, de 325 assassinatos de transgêneros registrados em 71 países nos anos de 2016 e 2017, um total de 52% ocorreram no Brasil. Um estudo realizado pelo Grupo Gay da Bahia mostra que, a cada vinte horas, um(a) LGBTQIA+ morre no Brasil somente pelo fato de ser LGBTQIA+.

O artigo 5º da Constituição Federal estabelece que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Além disso, desde 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) definiu a homofobia e a transfobia como crimes imprescritíveis e inafiançáveis.

Porém, na prática, a história é diferente. “Ainda temos muitas sequelas jurídicas em pauta como o racismo. A homofobia ainda aguarda o sangue escorrer, a vítima ser morta, para que o Judiciário então se manifeste e tenha uma postura efetiva. Somos uma sociedade retrógrada e machista”, lamentou Luiz Alberto Deoclécio da Silva, membro da Comissão Especial LGBT da OAB Araraquara.

Na contramão das estatísticas, Araraquara elegeu Filipa Brunelli, a primeira vereadora trans da história da Câmara Municipal, e conta com a Assessoria Especial de Políticas LGBTQIA+, sendo a primeira cidade no país a ter uma casa pública de acolhimento à população LGBTQIA+.

Para a assessora especial de Políticas LGBTQIA+, Erika Matheus, os direitos dessa população têm que ser inteseccionais, ou seja, de fato abarcar as especificidades de cada grupo. “A lésbica, o gay, o bissexual, a população trans têm especificidades distintas. Além abarcá-las em gênero e sexualidade é preciso elencar em cor e classe social. A interseccionalidade tem que existir para que de fato essas reivindicações sejam efetivas e a política pública aplicada de um modo que contemple todos.”

“A gente olha para Araraquara como um sonho no sentido de leis porque em Jaboticabal a gente tem que conseguir dar um passinho. Aqui vocês já estão muito avançados. Falo isso não apenas pelo fato de vocês estarem a frente, mas sabemos o quanto é difícil mobilizar as pessoas para o movimento LGBTQIA+ na cidade”, frisou a professora Paula Faria, vereadora de Jaboticabal.

Porém, é importante destacar que os direitos não são privilégios e sim obrigação do Estado. “Aqui em Araraquara não temos privilégios, temos acesso a um direito mínimo que sempre foi negado aos nossos corpos, no quesito de educação, de moradia, de saúde, nos direitos em geral”, reiterou Lígia Maria, do Coletivo Mais Plural.

E apesar das políticas públicas, o preconceito ainda precisa ser combatido na cidade. “Os araraquarenses preconceituosos terão que lidar com a frustração, que é deles, de ver gay, travesti, lésbica, bissexual andando na rua de Araraquara durante o dia. Terão que lidar com travesti saindo da prostituição e ocupando a Câmara Municipal. Terão que lidar com as LGBTs ocupando as universidades. Iremos ocupar todos os espaços e esse processo, que foi iniciado há muito tempo, não tem mais volta”, finalizou Filipa.

Também esteve presente o vereador Carlão do Joia (Patriota).

Confira a audiência na íntegra aqui.


Publicado em: 25 de novembro de 2022

Cadastre-se e receba notícias em seu email

Categoria: Câmara

Comentários

Adicione seu comentário

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.


Outras Notícias

Fique por dentro

Alerta do Daae (16/05)

16 de maio de 2024

Por causa da falta de chuva e do elevado consumo de água verificado nas últimas semanas em função de altas temperaturas, queimadas, fuligem e poeiras, o Departamento Autônomo de Água e Esgotos de A...



Covid-19 e dengue (16/05)

16 de maio de 2024

Nesta quinta-feira (16), Araraquara registrou mais um caso positivo de Covid-19. Portanto, a cidade soma 7.137 casos confirmados em 2024. Três pacientes estão internados, todos de outros municípios...



Suspeitas de convocações irregulares de professores em Araraquara são investigadas

16 de maio de 2024

Recentemente, foi realizado um concurso público para provimento de cargos públicos de caráter efetivo para contratação de professores para a Rede Municipal de Educação. No entanto, segundo relatos...



LDO 2025: veja previsão para comunicação, esportes e desenvolvimentos urbano e econômico

15 de maio de 2024

O Plenário da Câmara Municipal de Araraquara recebeu, na tarde desta quarta-feira (15), a segunda Audiência Pública do ciclo de apresentações sobre a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) 2025, con...



Horário estendido

15 de maio de 2024

A Secretaria Municipal da Saúde estendeu o horário de funcionamento até as 20 horas, todas as quintas-feiras, em 22 Unidades Básicas de Saúde (UBSs). O órgão também divulgou a programação semanal d...



Imóvel alvo de reclamação de moradores não se enquadra no Instituto do Abandono

15 de maio de 2024

Um imóvel localizado no Jardim do Carmo e em situação de abandono está gerando reclamações de moradores vizinhos à propriedade pelo descarte irregular de lixo, acúmulo de sujeira e pela falta de se...





Esse site armazena dados (como cookies), o que permite que determinadas funcionalidades (como análises e personalização) funcionem apropriadamente. Clique aqui e saiba mais!