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“Meio ambiente: recursos hídricos e a política ambiental em Araraquara” foi o tema da audiência pública, de iniciativa do vereador Paulo Landim (PT), realizada na noite da quinta-feira (29) no Plenário da Câmara Municipal de Araraquara.
A audiência teve início com um vídeo mostrando diversos casos de erosões na cidade de Araraquara e, em seguida, o vice-prefeito Damiano Neto (PP) abriu os microfones destacando a importância do debate para o município. Para a secretária municipal de Desenvolvimento Urbano, Luciana Márcia Gonçalves, “esse é o momento de pensar no que estamos fazendo com a nossa cidade, refletirmos sobre a nossa ocupação e nos perguntarmos qual a cidade que queremos”. Luciana levantou questões como as inundações que vários municípios enfrentam e os conjuntos habitacionais que foram construídos sem infraestrutura alguma, o que pode ser visto na periferia de Araraquara, lembrando que “com certeza essa não é a cidade que queremos”. A secretária também deu ênfase à região Norte da cidade, que poderia ter recebido uma proteção da ocupação ou uma ocupação especial, para ter mais área verde, já que é responsável por grande captação de água. “Os modelos desses novos loteamentos não têm nada de sustentável. A única exigência do Daae são as bacias de detenção, mas elas são insuficientes para o problema da drenagem, para a questão de abastecimento de água e para a não poluição da represa.”
O superintendente do Departamento Autônomo de Água e Esgotos (Daae), Wellington Cyro de Almeida Leite, focou principalmente na ocupação da bacia do Ribeirão das Cruzes, segundo ele, bastante vulnerável. “Precisamos cuidar desse patrimônio, uma vez que temos lá um sistema que ainda é responsável pelo abastecimento de cerca de 30% dos moradores de Araraquara. Temos uma área de 184 km², equivalente a 20% do nosso município, que é muito preocupante e devemos nos concentrar nela, mas nas outras regiões da cidade a situação não está muito diferente”. Ele mostrou também o processo de expansão imobiliária em Araraquara entre 1984 e 2016. “O sistema está muito vulnerável”, reforçou. “Tanto que tivemos diversos problemas com a falta de água na região. A zona Norte é a área mais fragilizada atualmente”, completou. Cyro apresentou diversos problemas na cidade, como na Microbacia do Tanquinho, uma grande erosão na Microbacia do Serralhal, outra erosão na Microbacia do Marivan, casas construídas em locais sem a mínima infraestrutura no Valle Verde, além da Chácara Flora, Tipuanas I e II, e diversos processos erosivos que podem ser observados ao longo da bacia do Ribeirão das Cruzes. “É importantíssimo discutirmos isso com toda a sociedade.”
Os vereadores Tenente Santana (PMDB) – vice-presidente da Câmara – e Lucas Grecco (PSB) questionaram Cyro sobre a situação dos bolsões de lixo e o consequente descarte irregular de resíduos sólidos pela população nos diversos bairros da cidade. O superintendente lembrou que “os bolsões foram criados para receber pequenos volumes para atender a população nos bairros, mas entrou a figura do carreteiro que vai descartar grandes quantidades nos bolsões, atravessando os caçambeiros. Não podemos permitir o descarte clandestino, quem vai pagar por isso vai ser a própria população. O bolsão não suporta grandes quantidades de resíduos sólidos”. Após diversas perguntas do público presente, a secretária de Desenvolvimento Urbano afirmou que “o Plano Diretor deve ser revisto, incluindo as áreas de preservação ambiental e também as áreas rurais”. “Temos que cuidar do meio ambiente. Pensar nos nossos netos e bisnetos. A Câmara é responsável e vai ver sempre o que é melhor para Araraquara e não para os empreendimentos”, finalizou Landim. Também estiveram presentes os vereadores Roger Mendes (PP), José Carlos Porsani (PSDB) e Elias Chediek (PMDB); e o secretário municipal de Cooperação dos Assuntos de Segurança Pública, coronel João Alberto Nogueira Júnior.
Sobre os palestrantes
Wellington Cyro de Almeida Leite – superintendente do Departamento Autônomo de Água e Esgotos (Daae) de Araraquara. Graduado em Engenharia Civil pela Faculdade de Engenharia Civil de Araraquara; mestrado e doutorado em Engenharia Civil – Hidráulica e Saneamento pela USP; professor doutor aposentado na área de Saneamento Ambiental da Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá – Unesp desde 1990; foi consultor da ONU no projeto Gestão e Tecnologias de Tratamento de Resíduos Sólidos entre 1996 e 1997. Também foi superintendente do Daae de Araraquara entre 2001 e 2008.
Luciana Márcia Gonçalves – Secretária municipal de Desenvolvimento Urbano de Araraquara. Doutorado em Planejamento Urbano pela Universidade de São Paulo - FAUUSP (2005); pós-doutorado em Ciências Ambientais na Universidade Autônoma de Barcelona - UAB (2013/2014); pertence a grupos de pesquisa que abordam temas de sustentabilidade urbana e manejo de águas pluviais na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar); é colaboradora do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep); professora do Departamento de Engenharia Civil da UFSCar. Já trabalhou na Prefeitura de Araraquara nas administrações de Roberto Massafera e Edinho Silva.
Confira o vídeo da audiência aqui.
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